Publicado em 29/08/2023
Há 33 anos, no dia 29 de agosto de 1990, uma das maiores militantes brasileiras do movimento lésbico, Rosely Roth, tirava sua própria vida devido a profundas crises emocionais desenvolvidas pela lesbofobia e invisibilidade de sua existência: de uma mulher que ama mulheres.
A filósofa participou em 1983, em São Paulo, do Levante Ferro’s Bar, episódio em que um grupo de lésbicas enfrentou o dono do estabelecimento após terem sido expulsas por venderem um boletim chamado Chana com Chana, que continha informações de grande relevância para mulheres que se relacionam com mulheres.
Em homenagem à Rosely, desde 2003 é comemorado, nesta data, o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica, luta que busca trazer à luz as particularidades e demandas destas mulheres que compõem o grupo LGBTQIAPN+ e cuja orientação sexual costuma ser apagada pela sociedade, quando não, a causa de muitas violências.
Esse silenciamento acontece em todas as esferas da vida da mulher lésbica e muitas vezes começa em seus próprios lares, como aponta Camila Ramos, assistente social, coordenadora do Núcleo de Assistentes Sociais de Divinópolis (NAS Divi) e uma das fundadoras do grupo Mulheres que Amam Mulheres (MAM).
“Há muitas lésbicas que ainda não conseguem falar abertamente nem com as próprias famílias. Somos silenciadas desde o primeiro momento em que assumimos publicamente nossa sexualidade: por familiares, pela comunidade, pelas instituições”, pontua a profissional.
Entre 2021 e 2022, foi realizado pela Liga Brasileira de Lésbicas (LBL) e pela Associação Lésbica Feminista de Brasília (Coturno de Vênus), o primeiro LesboCenso de Vivências Lésbicas no Brasil. O documento, que corrobora com o que Camila aponta, mostra que 29,32% das mulheres lésbicas começam a viver situações de preconceito dentro de casa.
Além de terem que, enquanto mulheres, enfrentar a misoginia e o machismo retratados na desigualdade salarial, na desvalidação e desqualificação do pensamento e de ações, na apropriação de ideias, na interrupção de falas, no assédio sexual e moral, lésbicas ainda enfrentam outras violações.
“Vamos lidar com a exposição da nossa orientação sexual e identidade de gênero como uma forma de chantagem e poder, fetichização dos nossos corpos e relações, dúvidas, questionamentos e uma certa descrença da nossa orientação sexual, falas e práticas que buscam corrigir a nossa sexualidade ou invalidá-la”, destaca.
A invisibilidade é notada, ainda, no acesso a direitos. “Na política previdenciária, o acesso a pensões, a planos de saúde, seguros, são um exemplo. Mesmo com o avanço dos direitos civis, que reconhecem o casamento homoafetivo, encontramos barreiras em garantir o acesso e uso de certas políticas e serviços”, ressalta Camila.
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A organização que faz a diferença
Desde o movimento das militantes lésbicas do Levante do Ferro’s Bar, em 1983, até a Liga Brasileira de Lésbicas, uma coisa é certa: somente a luta coletiva é capaz de dar forças a uma “minoria” política oprimida. Foi com essa ideia que Camila se uniu a outras ativistas para criar o Mulheres que Amam Mulheres (MAM), em Divinópolis.
Hoje o coletivo está organizando ações para o ano que vem, e por enquanto, o intuito é mapear e promover mais encontros entre lésbicas da cidade. A partir disso, o MAM quer proporcionar um espaço de troca de experiências, além de dar visibilidade, divulgar e consumir produtos de lésbicas locais.
Como profissional do Serviço Social, Camila afirma que é essencial reconhecer a orientação sexual e a identidade de gênero como um marcador social importante e trazer essa discussão para o ambiente de trabalho, como forma de dar mais visibilidade ao assunto e trazer mais dignidade para lésbicas tanto assistentes sociais, como as usuárias dos serviços.
“Quando nós, profissionais, mulheres assistentes sociais lésbicas, falamos sobre nós, também enfrentamos a invisibilidade. Nós sempre existimos, só não somos vistas. Estarmos nas lutas coletivas, nos espaços de conselhos de direitos, realizar e estar presente em ações que dão visibilidade à pauta, são também estratégias de enfrentamento do silenciamento”, pontua.
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