Profissionais da educação clamam por reconhecimento

Publicado em 29/08/2011

Cerca de 9 mil pessoas foram à Assembleia Legislativa na última quarta-feira (25). No intuito de chamar a atenção das autoridades para propiciar melhores condições de trabalho aos profissionais da educação, estudantes da rede estadual, universitários, movimentos sociais e outros sindicatos se juntaram aos professores e alunos da rede estadual para dar voz à luta. Tambores, bandeiras e cânticos expressavam a indignação e a ânsia por mudanças dos milhares de presentes no local.

Desde o dia 8 de junho, os professores da rede estadual estão em greve. O objetivo da paralisação é o cumprimento do Piso Salarial Profissional Nacional (PSPN), de acordo com a Lei Federal 11.738, que regulamenta o Piso Salarial de R$ 1187 para uma jornada de 40 horas semanais.

Maria Divina, professora da rede estadual em Vespasiano, afirma que as autoridades se negam a cumprir a lei, defendendo seus interesses com bastante intransigência. “O governo está agindo com muita hipocrisia, subestimando a inteligência dos professores. Eles ainda usam a mídia para publicar inverdades, jogando a população contra o nosso movimento.” A profissional da educação considera que a aprovação do piso será, diante das circunstâncias, uma grande vitória para a classe.

Ela ainda ressalta que o problema da educação pública não está apenas no salário dos professores, mas também na falta de estrutura. “Querem fazer inclusão social, mas não colocam rampas para os deficientes físicos. Querem promover a inclusão digital, mas quando disponibilizam computadores, não preparam pessoal qualificado para cuidar das máquinas”, acrescenta.

Paralisação prejudica estudantes

Sem aulas desde o início da greve, Aron Bento, estudante da rede estadual, saiu de Cambuí – sul do estado – para reivindicar seus direitos. “O prejuízo dos estudantes nessa situação é muito grande. O atraso nas aulas gera defasagem em nosso aprendizado.” Apesar do transtorno, ele defende que a paralisação é necessária, por reivindicar melhorias para os professores e para os próprios alunos.

Assim como Aron, a maioria dos alunos não aceita a contratação de professores substitutos. É consenso que a medida não atende aos alunos de maneira satisfatória, já que a maioria dos recém contratados não tem formação na área que lecionam. “Os substitutos não provêm o conteúdo que os alunos precisam”, completa Aron, que ainda fez uma viagem de 420 quilômetros de volta para casa.

Estudantes do ensino superior também organizaram debate

Os universitários também marcaram presença na manifestação. Estudantes da UFMG se reuniram no campus da Pampulha e foram para a Faculdade de Direito, localizada no Centro, para debater sobre os problemas da educação pública. Após as rodas de conversa, os estudantes rumaram para a Assembleia. Diretórios Acadêmicos e alunos de outras instituições também apoiaram a causa.

Isabela Lima, estudante de Ciências Biológicas da PUC Minas, saiu ainda pela manhã das instalações de sua faculdade, para protestar contra o atual regime de remuneração dos profissionais da educação. “Quero ser professora, por isso vim aqui para reivindicar os direitos mais básicos da classe. Esses valores atuais são tão ridículos, que não pagam nem a minha faculdade.” A estudante acredita que a participação dos universitários nas manifestações deveria ser maior e ainda ressalta que o governo deve investir mais na educação do que os 25% da sua arrecadação, o que é previsto em lei. O CRESS-MG estava representado na manifestação por membros de sua diretoria.

Mesmo com a grande mobilização do dia 24, a greve continua. Uma série de atividades, como debate em cidades do interior e a entrega do Dossiê da Educação para representantes da Organização Internacional do Trabalho (OIT), serão realizadas na próxima semana. No dia 31 de agosto, quarta-feira, será realizado outro ato em defesa da educação, novamente na Assembleia Legislativa de Minas Gerais.

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