CRESS-MG se solidariza com o assassinato de Marielle Franco

Publicado em 15/03/2018

Há exatamente uma semana, o CRESS-MG divulgou o conteúdo especial pelo Dia Internacional das Mulheres, com o tema “Mulheres de luta”, motivado pela baixa representatividade feminina nos espaços de poder e decisão do país – apenas 10% das cadeiras são ocupadas por elas. Apesar disso, as eleições de 2016 trouxeram novas representantes para os parlamentos brasileiros: uma delas foi assassinada, ontem, a tiros, na cidade do Rio de Janeiro.

A vereadora Marielle Franco, do PSOL, foi a quinta mais bem votada, na capital fluminense, nas últimas eleições. Moradora de uma comunidade, ela lutava por mais dignidade para quem vive nas favelas e também na defesa dos direitos das mulheres. Em seu curto mandato, criticou por várias vezes o despreparo da Polícia Militar e, recentemente, vinha questionando a intervenção militar na segurança pública da cidade. Um dia antes do crime, que também levou à morte seu motorista, Anderson Gomes, ela publicou em suas redes sociais: "Quantos mais vão precisar morrer para que essa guerra acabe?".

As palavras da jovem política vinham abalando o status quo dos poderosos e, por isso, eles a silenciaram. Mas ideias são à prova de bala e a luta de Marielle ainda vive e continuará ecoando em todas e todos nós que combatemos diariamente o racismo, o machismo, e lutamos por uma sociedade mais justa, democrática e igualitária. Nesse sentido, o CRESS-MG brada: 

Não vão nos calar! Mariella presente!

***

Morreu.
Morreu a preta da maré,
a negra fugida da senzala
que foi sentar com "os dotô" na sala
e falar de igual pra igual com "os homi".
A negra que burlou a fome de se saber,
que fez crescer dentro dela, o conhecimento.
Aquela, que por um momento de humanidade,
sonhou com a justiça, lutou por liberdade
e ousou ir mais alto,
do que permitia sua cor.
"Mas preta sabida, não pode!
Muito menos pobre! Não tem valor."
Diziam as más línguas na multidão.
E ela ousou tirar seus pés do chão.
Morreu.
Morreu a "preta sem noção",
que falava a verdade na cara do patrão,
que carregava a coragem, como bagagem,
no coração.
O tiro foi certo,
acertou com maldade,
ecoando seco no centro da cidade.

Anielli – Poeta de V Redonda

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