Publicado em 11/04/2018
Acompanhamos, nos últimos meses, a ação da justiça e do Poder Judiciário brasileiro no julgamento e condenação do ex-presidente Lula, que se destaca pela celeridade e seletividade, ao passo que outros políticos e empresários comprometidos com os interesses das elites brasileiras, também envolvidos em crimes de corrupção, foram beneficiados com a liberdade e continuam a agir.
A prisão do ex-presidente não deve ser repudiada por ser o Lula, ou por não permitir que ele participe das próximas eleições presidenciais de 2018, inclusive esta ainda uma incógnita na trama atual. Devemos repudiar sim, por ser um ataque de setores das classes dominantes desse país aos projetos democráticos, progressistas e revolucionários da classe trabalhadora. Essa prisão tem um significado na luta de classes. Implica em macular e jogar para a esquerda brasileira a face da criminalidade e da derrota. Mesmo que esse não fosse o lugar que Lula e o projeto petista ocupassem há um bom tempo, mas é assim que é sentida essa prisão pela sociedade.
Não é somente contra o “lulopetismo”, é contra as alternativas, é contra as possibilidades de se construir outra ordem societária. Enfim, é mais uma forma de avançar na destruição acelerada dos direitos sociais e democráticos no Brasil em processo nos últimos anos.
Essa seletividade não é uma novidade para nós, assistentes sociais, que vivemos cotidianamente, no nosso trabalho e nas diversas esferas da vida, a desigualdade social que criminaliza, violenta e encarcera a população pobre, negra e lutadora. Ou seja, a classe trabalhadora conhece bem essa seletividade do Estado burguês por meio do Poder Judiciário. Não devemos nos calar diante disso. Nosso papel é denunciar, conforme já fizemos no último dia 2 de abril, o aprofundamento do conservadorismo, da criminalização e militarização da vida social, que impacta a classe trabalhadora, os movimentos sociais, as organizações sociais de esquerda e os direitos e prerrogativas democráticas desse mesmo Estado burguês.
Essa ofensiva deve ser respondida com toda força e organização e o CFESS está ao lado dos/as trabalhadores/as deste país e de suas organizações democráticas, progressistas e de esquerda, para reagir unitariamente contra esse Estado autoritário que se anuncia, com explícito apoio de militares de altas patentes fornecendo declarações ameaçadoras. É necessário aprofundar a mobilização de trabalhadores/as contra os ataques aos nossos direitos sociais e democráticos e ampliar a ocupação das ruas, de onde parte de nós nunca saiu, tendo bem viva a “memória de um tempo onde lutar por seu direito é um defeito que mata”.
Nossa Escolha é a Resistência! Somos classe trabalhadora!
Fonte: CFESS
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