CRESS do Sudeste se reúnem no Rio para se prepararem para o Encontro Nacional, que acontece em BH, em setembro

Publicado em 27/08/2024

Monitorar para seguir aperfeiçoando o trabalho. Entre os dias 24 e 26 de julho, na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), localizada na capital fluminense, as delegações dos CRESS dos estados do Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, além de representantes do CFESS, se reuniram com o objetivo de monitorar as ações planejadas para o triênio 2023-2026 do Conjunto CFESS-CRESS.

O monitoramento é a segunda etapa integrante da metodologia planejada para os três anos de cada gestão, que começa com o planejamento (primeiro ano) e se encerra com a avaliação (terceiro ano). Durante esta etapa, as gestões devem representar o progresso das deliberações, desenvolvendo um monitoramento mais qualitativo, que analisa aspectos dos quatro eixos estabelecidos pelo Conjunto.

Esses eixos abrangem elementos da realidade local, as demandas das e dos assistentes sociais, o orçamento proposto, entre outros, e no processo de monitoramento, são acompanhados por reflexões críticas sobre os impactos das ações do Conjunto no trabalho das e dos assistentes sociais e na classe trabalhadora.

Os Encontros Descentralizados ocorrem em todas as cinco regiões do país, funcionando como uma etapa preparatória para o Encontro Nacional que, este ano, acontece em setembro, em Belo Horizonte. Nesses encontros, é possível revisar o trabalho realizado e as ações construídas coletivamente pelo Conjunto CFESS-CRESS, ampliando debates e estratégias em defesa da profissão.

Por exemplo, os Comitês Antirracista e Anticapacitista, criados em 2023, primeiro ano do triênio, têm permitido avanços significativos em ações concretas para combater o racismo e o capacitismo, impactando diretamente o trabalho da categoria profissional. Considerando que as gestões tomam posse em maio e o monitoramento acontece cerca de um ano e meio depois, é uma maneira de acompanhar a efetividade e relevância das deliberações.

Mesa de abertura

Durante a mesa de abertura, Cláudio Horst, presidente do CRESS-MG, destacou a importância da solidariedade entre as gestões do Sudeste na organização do Encontro Descentralizado. Enfatizou que essa cooperação começou no ano anterior, quando foi decidido que cada CRESS do Sudeste se responsabilizaria por um evento nacional, evitando que uma única gestão ficasse sobrecarregada.

“Esse segundo ano é desafiador, pois temos a tarefa de monitorar. Ainda estamos aprendendo, testando e tentando avançar, mas é muito importante que todas, todos e todes contribuam para que tenhamos dias de troca significativos”, afirmou o conselheiro, ressaltando o esforço coletivo e a importância do diálogo e da democracia no processo organizativo.

Corpos, Resistência e Transformação

Com o tema “Nossos corpos não são alvos! Serviço Social na resistência cotidiana para a transformação societária radical”, a mesa principal e o evento trouxeram o mesmo tema, com reflexões profundas sobre as interseções entre opressão, corpos, sexualidade, resistência e transformação social.

Guilherme Almeida, assistente social, professor da Escola de Serviço Social da UFRJ com experiência em assuntos como relações de gênero ético-raciais e sexualidade, especialmente no âmbito da saúde coletiva e do Serviço Social e diversidade de gênero, em especial transsexualidade. O professor relacionou a lucratividade econômica associada às diversas formas de perseguição, como o racismo, a LGBTfobia e a intolerância religiosa.

Além disso, destacou que essas formas de ódio não são apenas expressões de posturas individuais, mas fazem parte de um projeto político e econômico lucrativo para diversas instituições. “O ódio como mercadoria” foi uma das metáforas utilizadas pelo assistente social para ilustrar como a exploração dessas discriminações é instrumentalizada por interesses econômicos.

Enquanto estudioso da temática e homem trans, Guilherme também ressaltou a importância de entender as “políticas sexuais”, afirmando que todo país tem a sua própria política sexual, mesmo que não seja explícita. Segundo ele, em muitos contextos, “a liberdade é mais uma meta do que uma realidade”, infelizmente.

Já Elizabeth Oliveira, assistente social, mestra em educação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), pós-graduanda em Gestão Pública e base do CRESS-RJ nas comissões de Assistência Social e Direitos Humanos, trouxe uma provocação sobre a responsabilidade da profissão na perpetuação das injustiças que, ao mesmo tempo, busca combater.

A profissional destacou o caráter radical do tema do encontro, elogiando a coragem de o Conjunto CFESS-CRESS finalmente utilizar o termo “radical” sem receios. “Nós, como assistentes sociais, em diferentes espaços sócio-ocupacionais, também somos instrumentos de morte”, disse, sublinhando a necessidade de uma autoavaliação crítica da profissão.

A profissional também expressou preocupação com o distanciamento entre os debates complexos promovidos pelo Conjunto e o cotidiano das e dos profissionais de Serviço Social, que muitas vezes se vêem obrigados a escolher entre defender princípios éticos ou submeter-se aos ditames institucionais violentos e criminalizantes.

Com a fala, a delegação mineira

Rafaela Pereira dos Santos, assistente social e trabalhadora do Suas de Belo Horizonte, compartilhou suas impressões sobre o encontro. Para a profissional, a participação no Descentralizado foi motivada por entender a importância de uma aproximação contínua e ativa entre assistentes sociais da gestão e as e os demais que compõem a categoria profissional.

“Avalio que a aproximação das e dos assistentes sociais de base junto ao conselho possibilita a participação efetiva, plural e democrática nesses espaços que devem ser ocupados por toda a categoria”, afirmou.

A militante destacou ainda as considerações que mais a impactaram durante o evento, como as diferenças nos desafios e avanços apresentados pelos diversos CRESS. Rafaela mencionou que, apesar de existirem orientações nacionais, cada território possui suas particularidades, o que influencia diretamente na execução dos planos de ação.

“O avanço do Conjunto CFESS-CRESS no tratamento de temáticas tão emergentes, como o capacitismo, a LGBTfobia e o racismo, expressa um comprometimento com as diversas manifestações da questão social na contemporaneidade”, pontuou.

Rafaela também elogiou o CRESS Minas, observando que a organização interna reflete na implementação eficaz das ações planejadas. “O trabalho da atual gestão revela a entrega, o engajamento, o envolvimento e o compromisso com o Serviço Social e com a categoria profissional”, concluiu.

Já Priscila Ketlyn, assistente social residente em Neonatologia no Hospital Sofia Feldman, em Belo Horizonte, destacou a relevância de eventos como o Encontro Descentralizado para a materialização da práxis profissional. A profissional afirma que a aproximação com o CRESS-MG incide diretamente no compromisso profissional, possibilitando reflexões que auxiliam na prática cotidiana.

Priscila também ressaltou as discussões na mesa de abertura do evento, especialmente sobre a responsabilidade ética e técnica na produção de documentos. Para a assistente social, é fundamental que essa conduta esteja alinhada com a defesa contra as opressões impostas pelo sistema capitalista, garantindo o compromisso ético da profissão.

A entrevistada vê o Conselho como uma potência, tanto pela articulação com as e os profissionais inscritos, quanto pela parceria com outras entidades de base, como a Abepss e a Enesso. Mesmo com as dificuldades geográficas de Minas Gerais, Priscila elogiou o esforço do Conselho em se fazer presente nas regiões mais distantes, promovendo atividades de educação permanente e reflexivas sobre a prática profissional.

Juliana Iglesias Melim, professora do Departamento de Serviço Social da Ufes e vice-presidenta da Abepss – Regional Leste, enfatizou a importância da Associação no fortalecimento da aliança histórica entre as entidades que organizam o Serviço Social no Brasil. Para a representante da entidade, esses encontros evidenciam a indissociabilidade entre trabalho e formação profissional.

A professora destacou, ainda, a participação ativa da Abepss nos debates do Conjunto CFESS-CRESS, que busca identificar frentes comuns para ações articuladas e levar demandas para serem discutidas. Juliana vê essa participação como essencial para manter a coesão entre as entidades e para fortalecer o campo do Serviço Social.

Rumo ao Encontro Nacional CFESS-CRESS

Este ano, a capital mineira será sede para o 51º Encontro Nacional CFESS-CRESS, que é o maior espaço deliberativo do Serviço Social brasileiro. Estima-se que 450 a 500 pessoas representantes de CRESS de todo o país compareçam.

O evento é fechado para quem integra as delegações que já vem construindo esses debates em seus próprios estados. No entanto, a mesa de abertura “Resistência na luta anticapitalista diante da crise ambiental’ será transmitida ao vivo nas redes sociais do CRESS Minas e do CFESS. Acompanhe!

Conheça mais sobre o CRESS-MG

Informações adicionais
Informações adicionais
Informações adicionais

SEDE: (31) 3527-7676 | cress@cress-mg.org.br

Rua Guajajaras, 410 - 11º andar. Centro. Belo Horizonte - MG. CEP 30180-912

Funcionamento: segunda a sexta, das 13h às 19h


SECCIONAL JUIZ DE FORA: (32) 3217-9186 | seccionaljuizdefora@cress-mg.org.br

Av. Barão do Rio Branco, 2595 - sala 1103/1104. Juiz de Fora - MG. CEP 36010-907

Funcionamento: segunda a sexta, das 13h às 19h


SECCIONAL MONTES CLAROS: (38) 3221-9358 | seccionalmontesclaros@cress-mg.org.br

Av. Coronel Prates, 376 - sala 301. Centro. Montes Claros - MG. CEP 39400-104

Funcionamento: segunda a sexta, das 13h às 19h


SECCIONAL UBERLÂNDIA: (34) 3236-3024 | seccionaluberlandia@cress-mg.org.br

Av. Afonso Pena, 547 - sala 101. Uberlândia - MG. CEP 38400-128

Funcionamento: segunda a sexta, das 13h às 19h