Junto se vai longe: encontro dos núcleos de assistentes sociais do estado reforçam o papel da luta coletiva no fortalecimento do Serviço Social

Publicado em 13/12/2022

As grandes conquistas da classe trabalhadora só se deram por meio da luta coletiva. Quando pensamos em possíveis avanços para o Serviço Social e para a categoria profissional, não é diferente. É no coletivo que as mudanças ganham força para se tornarem realidade.

Por isso, os Núcleos de Assistentes Sociais (NAS) são tão importantes. Espalhados pelos quatro cantos de Minas Gerais e criados através da mobilização das próprias e próprios profissionais locais, estes grupos têm o apoio do CRESS para levarem a suas regiões debates atuais sobre a profissão.

Após dois anos sem encontros presenciais, em função da pandemia, no último 25 de novembro, representantes de 18 dos 26 Núcleos ativos do estado, se reuniram em Belo Horizonte, na Sede do CRESS-MG, para se qualificar e trocar experiências sobre os desafios enfrentados nesse caminho de militância.

Refletindo sobre a conjuntura 

Estamos vivendo o crescimento do conservadorismo ou seria um momento de reacionarismo? Quando pensamos em movimentos sociais, o foco deve ser em pautas identitárias ou na luta de classes? E ensino precário em Serviço Social, como incide na organização política da categoria? Estas foram reflexões trazidas na mesa principal, pela professora da UFJF, a assistente social, Luciana de Paula.

Assista aqui, ao debate “A Conjuntura e os Desafios para o Exercício Profissional”, que foi transmitido ao vivo para todas e todos.

Para pensar em estratégias de ampliar e fortalecer os NAS é preciso, antes, entender a conjuntura em que vivemos. Neste sentido, a professora e também doutora em Serviço Social nos convida a esmiuçar a célebre frase de Marilda Iamamoto em que afirma que assistentes sociais atuam na reprodução das relações sociais na sociedade capitalista.

“Quais são essas relações? Sabemos que atuamos, sim, na reprodução dessas relações permitindo que a trabalhadora ou o trabalhador que atendemos permaneça vivo para seguir sendo explorado pelo capital. Ou seja, contribuímos, em certa medida, para essa engrenagem. Não tem como eliminar esse elemento de nossa profissão, pois, para isso, precisaríamos eliminar a sociedade capitalista”, pondera.

Entretanto, Luciana lembra que as relações sociais se dão de maneira contraditória, já que aquele trabalhador explorado também tem seus momentos de revolta, de negação, de se organizar para fazer greve e, todos esses elementos de resistência ao sistema compõem as relações sociais nas quais assistentes sociais também atuam.

“Nós, assistentes sociais, precisamos estar em espaços coletivos que tenham como norte a emancipação humana, como no caso das instâncias institucionalizadas, tipo os conselhos de direitos, conferências, fóruns, e também nos movimentos sociais e populares. Nós temos articulados com esses grupos? E como o temos feito?”, indaga.

Sobre o momento político iniciado em 2016, após o golpe que destituiu a então presidenta da república, Dilma Rousseff, Luciana chama atenção de que não devemos vê-lo apenas como uma onda conservadora. “Antes fosse. Trata-se de reacionarismo, pois enquanto o primeiro busca conservar, manter as coisas como estão, a onda reacionária quer retroceder. É pior. Não devemos minimizar”, alerta.

Pautas identitárias X Luta de Classes

“O único elemento capaz de nos unificar é o da classe, nos entendermos enquanto classe trabalhadora. Precisamos tratar as particularidades, claro, mas sem abandonar a classe, como temos feito nas lutas sociais. Precisamos fazer debates sobre as lutas feministas, LGBTIA+, de raça, mas sempre fundamentando-os na luta de classes, pois podemos nos perder nesse mar de identidades”, avalia.

Em sua fala, Luciana pontuou que não há uma luta mais importante que a outra, mas é preciso tratar aquelas lutas identitárias numa perspectiva classista. “Estamos focando no que nos diferencia ao invés de procurar o que nos aproxima. Enquanto nos fragmentamos e brigamos entre nós, o capital bate palma. Óbvio que devemos pautar as especificidades e diferenças, mas na hora de ir para rua, o que nos une?”, questiona.

Um bom exemplo de que temas identitários por si só servem apenas ao capital se dá quando poderosas empresas de comunicação passam a abordar esses temas. “Quando uma grande emissora de TV passa a tratar sobre pautas raciais ou de pessoas trans, por exemplo, é preciso analisar o que está por trás”, aponta a professora. Isso pois são empresas que vivem de publicidade e lucro e há interesses comerciais que orientam suas ações.

Poesia e reflexões

Costurada com trechos de músicas de Milton Nascimento e  toda a mineiridade que suas letras trazem, o Documento para o Fortalecimento dos Núcleos de Assistentes Sociais (NAS) foi lançado durante o Encontro Estadual dos NAS. Fruto de um trabalho de oito meses, escrito pelo professor Diego Tabosa (Unimontes), as professoras da UFJF, Luciana de Paula e da UFF/Rio das Ostras, Susana Maia, o material visa subsidiar e qualificar a mobilização e organização da categoria profissional.

O material feito com a ajuda dos próprios NAS, por meio de oficinas e questionários, foi elaborado tendo como ponto de partida uma outra cartilha divulgada pelo CRESS-MG, em 2017, intitulada “Subsídios para fortalecimento das ações e organização dos NAS”. Como comentou Susana, este processo conjunto, a várias mãos e mentes, teve como objetivo fazer com que os NAS se vissem no resultado final.

Segundo a coordenadora da Comissão de Apoio a Grupos Organizados (Comago) do CRESS-MG, Fabiana Marques, o evento e o documento foram muito aguardados. “Foi um momento de muitos abraços e trocas. A cartilha, por sua vez, ficou incrível, com todas as informações necessárias para que as comissões gestoras apresentem às e aos participantes dos NAS as possibilidades de ações, de acordo com a necessidade de cada região”, afirmou.

Acesse aqui o material!

Fotos: Marcela Viana e Vanessa Oliveira.

Conheça mais sobre o CRESS-MG

Informações adicionais
Informações adicionais
Informações adicionais

SEDE: (31) 3527-7676 | cress@cress-mg.org.br

Rua Guajajaras, 410 - 11º andar. Centro. Belo Horizonte - MG. CEP 30180-912

Funcionamento: segunda a sexta, das 13h às 19h


SECCIONAL JUIZ DE FORA: (32) 3217-9186 | seccionaljuizdefora@cress-mg.org.br

Av. Barão do Rio Branco, 2595 - sala 1103/1104. Juiz de Fora - MG. CEP 36010-907

Funcionamento: segunda a sexta, das 13h às 19h


SECCIONAL MONTES CLAROS: (38) 3221-9358 | seccionalmontesclaros@cress-mg.org.br

Av. Coronel Prates, 376 - sala 301. Centro. Montes Claros - MG. CEP 39400-104

Funcionamento: segunda a sexta, das 13h às 19h


SECCIONAL UBERLÂNDIA: (34) 3236-3024 | seccionaluberlandia@cress-mg.org.br

Av. Afonso Pena, 547 - sala 101. Uberlândia - MG. CEP 38400-128

Funcionamento: segunda a sexta, das 13h às 19h