Avaliar os passos dados até aqui para, então, seguir em frente – Veja como foi o encontro dos CRESS do Sudeste

Publicado em 13/08/2022

Após dois anos, veja como foi o primeiro encontro presencial dos CRESS da Região Sudeste

O primeiro encontro presencial dos CRESS do Sudeste, após dois anos de uma gestão que tomou posse em plena pandemia, não poderia ser, senão, emocionante e revigorante. De 5 a 7 de agosto, aconteceu, em Vitória (ES), o Encontro Descentralizado da Região Sudeste, reunindo assistentes sociais representantes do Rio, Minas, São Paulo e Espírito Santo para avaliarem como têm sido esse mandato tão desafiador, iniciado em meio a uma crise política e pandêmica que assolou toda a população brasileira.

Parte da delegação mineira com a presidenta do CFESS, Elisabeth Borges. Foto: Marcela Viana.

Foi preciso se reinventar, cair e levantar muitas vezes. Como apontou a presidenta do CRESS-ES, Sabrina Nascimento, logo na mesa de abertura, “somos sobreviventes desse momento histórico e é preciso comemorar isso também”. O reencontro impulsionou, ainda, a elaboração conjunta, pelas entidades presentes, da Carta de Vitória do Espírito Santo. O documento traz um panorama de como foi esse período e o poder da luta coletiva para enfrentar o que passou e o que virá após as Eleições 2022.

Leia, aqui, a Carta de Vitória.

A fome é uma emergência, mas não é caso de 190

O episódio de um menino de onze anos que na última semana ligou para a polícia militar pedindo comida para sua família, em Santa Luzia, Região Metropolitana de Belo Horizonte, foi o pontapé inicial para as reflexões propostas pela professora e doutora do curso de Serviço Social da UFRJ, a assistente social Gracyelle Costa, na conferência de abertura “Trabalhadoras do Brasil: ´É preta, é pobre e não anda sozinha´. É na luta que a nossa classe refaz o caminho”.

Por que, mesmo com todas as políticas públicas existentes, essa criança em meio à urgência do que é não ter o que comer em casa, decidiu pedir ajuda a uma instituição armada de segurança pública? Por que não entrou em contato com um Cras, um posto de saúde ou mesmo sua escola? Para Gracyelle, este é o reflexo de um projeto escancarado do governo que atualmente está no poder: o de morte às pessoas pobres.

“Trata-se de um neomalthusianismo militarizado. Com a proposta de um Estado mínimo, não cabe no atual governo, a preocupação em garantir o direito a uma alimentação adequada, assim como tampouco estão na agenda dos governantes a pauta da segurança alimentar e os demais assuntos que a atravessam. O projeto é o de extinguir quem é pobre e preto por meio de uma série de estratégias, como o enfraquecimento das políticas públicas”.

Representantes das e dos assistentes sociais do CRESS-SP. Foto: Marcela Viana.

A mulher negra trabalhadora, a mais afetada pelas opressões de raça e classe social, no Brasil, é também quem sustenta esse país. Sobre isso, a professora chama a atenção de que essas mulheres negras que conformam grande parte das pessoas usuárias dos serviços públicos retratam também o perfil da categoria profissional de assistentes sociais. Assim, alerta para o perigo de se colocar em posição superior durante o atendimento à população.

“É preciso nos reconhecer como classe trabalhadora. A relação com a população atendida deve ser horizontal, de troca, de partilha. Inspirado nos laços afrodiaspóricos adotados pelos povos de matriz africana, é preciso pensar em métodos e formas horizontais de trabalho, a fim de não reproduzir uma hierarquia ou, ainda, relações fálicas de poder”, aponta Gracyelle.

A expressão “profissional de ponta” também foi criticada por ela, uma vez que diferencia quem lida cotidianamente com a população e quem, por exemplo, segue a carreira universitária: um ambiente ainda marcado por pessoas brancas. “As mulheres negras não querem mais este lugar pesado de sustentar um país nas costas. Queremos e precisamos urgentemente de ocupar e contribuir com outros espaços, como o da formação acadêmica”.

Para acompanhar mais reflexões sobre raça e Serviço Social, acompanhe as atividades do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi UFRJ), coordenado pela palestrante, professora Gracyelle Costa.

Avaliar o que foi feito para, então, avançar

A anfitriã, Sabrina Nascimento, presidenta do CRESS Espírito Santo, com Julia Restori, presidenta do CRESS-MG. Foto: Marcela Viana.

Sediado no maior campus da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), o Encontro Descentralizado foi dividido em três momentos: uma conferência de abertura sobre a conjuntura, citada acima, no segundo dia, debates concomitantes sobre eixos relacionados ao Serviço Social e também à questão administrativa e financeira dos CRESS, e, finalmente, uma plenária de encerramento.

O próximo passo, agora, é sistematizar essas avaliações e propostas, como a de temas para o Dia da e do Assistente Social de 2023, e apresentá-las no Encontro Nacional do Conjunto CFESS-CRESS, que acontece no início de setembro, em Maceió (AL). Em suas considerações finais, as quatro presidentas dos CRESS do Sudeste e as representantes do CFESS, reforçaram o poder renovador do evento.

“Além de ser um evento essencial para avaliar as ações propostas nos anos anteriores, o encontro no formato presencial permitiu renovar os afetos e consolidar as nossas energias para a defesa da nossa categoria, sempre aliada a pautas conjunturais. Vivemos momentos difíceis neste pós isolamento social com um cenário marcado pela insegurança alimentar, ataques à democracia e à liberdade. Precisamos estar atentas e unidas e este evento reafirmou que a resistência sempre haverá de se dar de forma coletiva.”

Julia Restori, presidenta do CRESS-MG.

“Voltamos para nossos estados com a certeza de dever cumprido. Essa retomada ao presencial foi um respiro que, sem dúvidas, renovou nosso compromisso coletivo com o Conjunto CFESS-CRESS na defesa do projeto de profissão que acreditamos. Agradecemos, ainda, a participação das e dos assistentes sociais de base que compõem as nossas delegações e que abraçam, junto de quem integra a gestão, a luta pelo fortalecimento do Serviço Social.”

Nicole Araujo, presidenta do CRESS-SP

“O mandato já está caminhando para o fim, mas temos muita história para contar, deixaremos muitas marcas e isso nos emociona. É a emoção pela construção coletiva e cotidiana, pelo que foi feito nesses dias de evento e também nesse período de gestão. E se a luta se faz em conjunto, não posso deixar de agradecer à vice-presidenta, Ana Paula, que esteve lado a lado nesse processo, assim como toda a base e a equipe de trabalho que permitiu que a gestão chegasse aqui hoje.”

Luciane Rangel, presidenta do CRESS-RJ

“Passa um filme em nossa cabeça do que vivemos desde maio de 2020 para chegar até aqui. Nesse meio tempo, alguns pedaços ficaram pelo caminho. A pandemia foi um período doloroso, mas que também deve ser lembrado pelas nossas potencialidades, a nossa e resistência e, no caso do Conjunto CFESS-CRESS, de crescimento. Fizemos história que, mesmo ao fim da gestão, ficará para posteridade.”

Sabrina Nascimento, presidenta do CRESS-ES

Acompanhe, no site e redes sociais do CRESS-MG, a cobertura desses importantes eventos para o Serviço Social brasileiro.

Conheça mais sobre o CRESS-MG

Informações adicionais
Informações adicionais
Informações adicionais

SEDE: (31) 3527-7676 | cress@cress-mg.org.br

Rua Guajajaras, 410 - 11º andar. Centro. Belo Horizonte - MG. CEP 30180-912

Funcionamento: segunda a sexta, das 13h às 19h


SECCIONAL JUIZ DE FORA: (32) 3217-9186 | seccionaljuizdefora@cress-mg.org.br

Av. Barão do Rio Branco, 2595 - sala 1103/1104. Juiz de Fora - MG. CEP 36010-907

Funcionamento: segunda a sexta, das 13h às 19h


SECCIONAL MONTES CLAROS: (38) 3221-9358 | seccionalmontesclaros@cress-mg.org.br

Av. Coronel Prates, 376 - sala 301. Centro. Montes Claros - MG. CEP 39400-104

Funcionamento: segunda a sexta, das 13h às 19h


SECCIONAL UBERLÂNDIA: (34) 3236-3024 | seccionaluberlandia@cress-mg.org.br

Av. Afonso Pena, 547 - sala 101. Uberlândia - MG. CEP 38400-128

Funcionamento: segunda a sexta, das 13h às 19h