Publicado em 25/11/2024
Na correria do cotidiano, imagina encontrar um espaço em que você pode compartilhar suas experiências de trabalho com outras e outros colegas de profissão, pensar em maneiras de valorizar a sua atuação em sua cidade e, ainda, poder se qualificar para lidar melhor com os desafios e as novas demandas que se apresentam para o Serviço Social?
Pois é o que fazem os Núcleos de Assistentes Sociais (NAS) presentes em todas as partes de Minas Gerais. Com o intuito de reunir representantes destes coletivos e debater estratégias para alcançar cada vez mais gente, o CRESS Minas promoveu na sede, em Belo Horizonte, no dia 8 de novembro, mais um Encontro Estadual dos NAS, que acontece anualmente.
O evento recebeu mais de 60 pessoas, incluindo representantes de 22 dos 25 Núcleos em atividade, atualmente, no estado. Além de uma oficina para refletir sobre as ações do próximo ano de cada um dos NAS, a programação teve uma mesa especial com a convidada Gracyelle Costa, assistente social e professora da UFRJ, sobre a atual conjuntura.
NAS: instrumento para fortalecer a nossa identidade como classe trabalhadora
“Cuide você da sua própria vida.” As ideias da extrema direita que estão por trás dessa máxima vêm ganhando força não apenas no Brasil, mas em todo o mundo, como ressaltou a palestrante. Com os direitos humanos sendo eliminados aos poucos, o Serviço Social é uma profissão com reais riscos de extinção, como comenta Gracyelle.
“O momento de agora, de ultra neoliberalismo, nos mostra uma face do capitalismo que não busca mais um consenso via política social, mas, via a própria barbárie, via o próprio discurso de ódio. Não se tem escolha: ou você aceita um trabalho extremamente precarizado ou fica desempregado ou arruma um PJ ou, ainda, vai empregar alguma coisa na rua. Nisso, a luta coletiva é a única saída”, observa.
A professora, que também já compôs um NAS no Rio de Janeiro, sabe que a representação é um desafio, mas também uma oportunidade de se fortalecer não apenas como categoria profissional, mas como classe trabalhadora, uma vez que quem compõe um coletivo, sai do isolamento e começa a perceber que as dificuldades são similares, independente da área de atuação.
Além de mobilizar colegas do Serviço Social, Gracyelle aposta que é preciso ir além das soluções simples e também se somar a outras categorias que estão ali naquele espaço de trabalho com interesses próximos, como aconteceu recentemente com a criação do Fomatep, Fórum Mineiro de Defesa das Atividades de Técnicos e Especialistas Penais. Segundo a convidada, é necessário se aproximar das conselheiras tutelares, professoras, líderes comunitárias e religiosas.
“É preciso ir além das soluções simples, pois elas nos encantam, mas também têm se mostrado cada vez mais extremas, e boa parte da nossa categoria as está seguindo sem perceber que vão num caminho oposto ao do nosso Projeto Ético-político. Sigamos na defesa dos direitos humanos, da democracia, da autonomia relativa ao exercício profissional e criticando essa sociabilidade capitalista neoliberal”, pontua.
No quesito mobilização, desafio comum entre a maioria dos Núcleos do estado, Gracyelle destacou a importância de escutar o que têm a dizer todas e todos os profissionais que se aproximarem do coletivo, assim como delegar tarefas, a fim de que se sintam pertencentes ao grupo e, finalmente, demarcou a relevância de que os NAS estejam minimamente por dentro das novas linguagens de comunicação.
Com a palavra, quem faz os NAS acontecerem
Criado em 2010, o NAS Jequitiético se situa no Vale do Jequitinhonha, ao nordeste do estado, e abrange cerca de dez municípios, organizados nas microrregiões do Alto, Médio e Baixo Jequitinhonha. Durante o Encontro, as representantes compartilharam sobre as estratégias para angariar novas e novos integrantes e manter o grupo atuante há 14 anos.
“Nosso Núcleo começou com pouca gente. Por abranger muitos municípios, as reuniões são itinerantes. Assim, as e os assistentes sociais de cada local ficam responsáveis por organizar as atividades. É uma forma de se sentirem pertencentes, mas também de se unirem, buscarem, dialogarem tanto entre elas quanto com a coordenação. Talvez isso seja a base do nosso sucesso”, pontua Viviane Ribeiro.
Já a outra integrante do NAS, Marcella Gama, acrescenta: “A gente sempre estende o convite e abre espaço para as novas profissionais, pois necessitamos desse fortalecimento da categoria. Quanto maior o grupo, mais coeso, mais atuante, mais sucesso a gente tem em nossas reivindicações enquanto profissional, assim como de atuação lá na ponta, no trabalho, na oferta de um serviço mais qualificado para a população usuária”.
Composta por mulheres de diferentes gerações, a atual gestão do NAS Vertentes, que abrange 20 municípios da região de São João Del Rei, aposta na pluralidade e soma inúmeras ações com profissionais do Serviço Social, mas também reconhece a importância de se unir a outras organizações da classe trabalhadora. “São 18 anos sempre presente no que for necessário para defender tanto os direitos da nossa categoria profissional, quanto da população usuária”, pontua Laura Isadete.
Além do Projeto NAS Itinerante que levou debates aos municípios locais a fim de ir até essas e esses profissionais e incentivar o debate e a participação no grupo, ano passado, o Núcleo lançou o Fórum dos Trabalhadores do município de São João del Rey abrangendo quem atua na Saúde, Educação e Assistência Social. A outra integrante, Alessandra Guse, reconhece que diante de um cotidiano desafiador, o NAS é também porto seguro.
“Estar junto dos seus é renovar um pouco das esperanças. É relembrar que é através da coletividade, podemos promover espaços de liberdade, diálogo, cidadania, autonomia. Então, se estar aqui hoje provoca tantos sentimentos positivos, isso demonstra que existe uma vontade de buscar alternativas para mudanças concretas em nossa realidade enquanto indivíduos, categoria profissional e classe trabalhadora”, avalia a profissional.
O velho e o novo: sempre é tempo de renovação
Quando Diana Santos se mudou para atuar na Universidade Federal de Viçosa (UFV) ainda não tinha uma rede de contatos na cidade. Naquele momento, ter descoberto a existência de um NAS da região, o Nasvir, foi essencial para que ela se integrasse ao local. “Fui acolhida pelas e pelos colegas, pois os NAS também têm esse papel de abraçar quem chega a um novo município sem ter familiares ou rede de apoio. Hoje, componho pela segunda vez, uma gestão”, comenta.
Formada há pouco tempo, Carla Gomide, do Nasvir, que mês passado completou 20 anos, comemora sua primeira participação no Encontro. “Quando começamos a atuar, temos muitos receios e poder estar aqui nos permite encontrar, dentro do espaço do NAS, formação continuada, para aprimorarmos nosso trabalho com a população e nos fortalecermos enquanto classe trabalhadora”, pondera.
Em um estado com dimensões continentais, ainda há muitas localidades que não são contempladas por Núcleos, mas têm solo fértil para essa articulação, como foi o caso do NAS São João do Paraíso, na divisa com a Bahia. O coletivo nasce da necessidade de ver o Serviço Social sendo reconhecido no município diante de um constante aumento das demandas e da sua complexidade, explica Débora dos Santos.
“Nos aproximar das defesas e debates do Conjunto CFESS-CRESS por meio dos NAS tem nos fortalecido e permitido nos unir com outras e outros assistentes sociais, bem como perceber que não estamos sós, que a luta coletiva é sempre mais potente. Assim como funcionou para tantos de nós, em Minas, o NAS é uma possibilidade real para muitas e muitos outros profissionais no estado”, reflete.
Para criar um NAS em sua região ou tirar outras dúvidas sobre estes coletivos, entre em contato com a Comago pelo e-mail comago@cress-mg.org.br
Confira, aqui, onde se situam os 25 NAS ativos atualmente no estado.
Apoio do CRESS Minas Gerais
Na edição deste ano, o Encontro Estadual dos NAS, promovido pelo CRESS Minas, garantiu pela primeira vez a participação de duas representações de cada um dos 25 grupos ativos. A logística para garantir que essas e esses profissionais viessem à capital mineira e pudessem participar de um evento de qualidade, envolveu todos os setores do Conselho.
“Primeiramente agradeço à trabalhadora Talita Freire, que diariamente dialoga e faz a ponte entre o CRESS e os mais de vinte NAS. Este evento, anual, envolve todos os setores da entidade e enquanto gestão, agradeço o papel desempenhado por cada um deles para construir um momento tão fundamental para interiorizar nossas defesas enquanto CFESS-CRESS”, aponta Fabiana Nascimento, coordenadora da Comissão de Apoio a Grupos Organizados (Comago).
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