Publicado em 03/05/2023
Pouco antes do início da pandemia da Covid-19 chegar ao Brasil, em 2020, o CRESS-MG estava prestes a realizar a primeira edição do ano do Curso de Ética em Movimento, em Ubá, mas, por conta das medidas de segurança adotadas, o evento foi cancelado. Passados quase três anos, a cidade abriu novamente suas portas para a atividade, que aconteceu entre os dias 12 e 14 de abril.
Com uma programação densa, dividida em quatro módulos, o evento destacou a ética em vários âmbitos dentro do Serviço Social. As e os participantes, em sua maioria assistentes sociais com mais de 15 anos de experiência, aproveitaram o diálogo mais próximo com as facilitadoras para relacionar a prática cotidiana profissional com os conteúdos teóricos apresentados, o que, no dia a dia intenso da profissão, acaba ficando em segundo plano.
O curso começou com a apresentação da assistente social e professora de Serviço Social da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Alexandra Eiras, que traçou um histórico da sociedade e, consequentemente, do Serviço Social, profissão que possui dimensões éticas, políticas e práticas que estão sempre em constante articulação entre si.
Em seguida, foi a vez do assistente social e mestre em Promoção da Saúde e Prevenção da Violência (UFMG), Maicom Marques, que ministrou os módulos sobre “Ética e trabalho profissional” e “Ética e direitos humanos”. Segundo o docente:
“É preciso que a categoria de assistentes sociais não perca de vista que esta é uma profissão que tem em si um compromisso social. Nesse sentido, devemos nos fazer a pergunta: a que essa profissão se propõe, como ela contribui com um projeto de sociedade maior? ”, questiona.
Participando pela segunda vez do curso, o assistente social na Policlínica Regional e na Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Assistência Social de Ubá, Pedro Gazolla, refletiu sobre como os debates propostos neste projeto enriquecem o fazer profissional. Para ele, “falar sobre o contexto dos direitos humanos na processualidade do trabalho profissional foi imergir em nossa história profissional e relembrarmos das bandeiras de luta que assumimos ao longo destas décadas de trabalho”.
Pedro também considerou ímpar a contribuição da coordenadora técnico-política do CRESS-MG, Denise Cunha, que apresentou o módulo sobre “Ética e os instrumentos processuais da profissão”. O assistente social destaca que “devemos sempre reafirmar que a ética não é uma possibilidade de ação, mas, uma obrigação legal da nossa profissão, que visa garantir direitos sociais”.
Compromisso ético em debate
Localizar a ética no exercício profissional e as dificuldades em entender as atribuições dos conselhos de fiscalização profissional e até onde ele pode de fato ir ou agir em defesa da atuação das e dos profissionais foram os principais questionamentos das e dos assistentes sociais que se inscrevem no curso, buscando compreender e se atualizarem diante das demandas da profissão.
Para Maicom “a categoria em si, espelhada por quem participa do curso, demonstra uma grande dificuldade de suspender o cotidiano para pensar a sociedade e a sociabilidade, tendendo a perceber as questões sociais de forma setorializada, focal, superficial”. Nesses momentos, o assistente social lembra de ferramentas que podem ser utilizadas para compreender a profissão em sua totalidade, como revisitar as bases sociais que formam o ser social genérico e singular e os fundamentos do Serviço Social.
“A formação continuada também é extremamente necessária nesse contexto. E não falo daqueles processos de formação que se originam na academia, mas que podem ocorrer no espaço cotidiano de trabalho, como quando sentamos para estudar uma nova legislação, um novo documento, livro, portaria, quando paramos para conhecer a rede, o território, nossos parceiros de trabalho distribuídos em diferentes espaços sócio-ocupacionais ou políticas pública”, acrescenta.
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