Publicado em 15/12/2022
Na década de 1980, no processo de redemocratização do Brasil, assistentes sociais de todas as regiões compuseram grupos de categorias profissionais que contribuíram com elementos para construção da Carta Magna, a Constituição Federal do Brasil, de 1988.
De lá para cá, assistentes sociais se constituíram como sujeitos fundamentais na elaboração, análise, coordenação e execução de diversas políticas sociais, como Saúde, Previdência Social, Assistência Social, Educação, entre outras.
Por isso, a participação de nomes do Serviço Social junto com outros sujeitos políticos no atual “governo de transição” não é uma surpresa, e reforça a importância da categoria profissional para propor ações que apontem a defesa dos direitos da população.
O Gabinete de Transição Governamental, instituído pela Portaria nº 01/2022, teve como o objetivo de reunir informações sobre o funcionamento e a atuação dos órgãos e entidades que compõe a Administração Pública Federal e preparar a próximas ações do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, a partir de janeiro de 2023.
O espaço foi considerado fundamental, após um hiato de quase seis anos no qual a sociedade civil foi ignorada e silenciada pelo governo de extrema-direita neoliberal.
Profissionais de várias áreas, entre elas têm trabalhado voluntariamente na elaboração de relatórios com diagnóstico da situação da gestão atual, para sugerir e orientar as iniciativas do próximo governo.
E a palavra “reconstrução”, sem dúvida, é a mais recorrente nos debates. Afinal, o que o Gabinete de Transição tem apontado é que o governo neoliberal de extrema-direita que termina no próximo dia 31 de dezembro, deixa no Brasil um cenário de terra arrasada, depois de anos de ataques, cortes e desmontes em todas as políticas sociais e direitos sociais, humanos e trabalhistas, prejudicando a população, especialmente a mais vulnerável.
E a destruição não foi só das políticas, mas do Estado brasileiro, como apontam também análises de especialistas e da mídia nacional e internacional. O último dia 11 de dezembro foi o prazo para esses grupos apresentarem um relatório final, com análise dos programas implementados pela atual gestão, assim como dos programas das gestões anteriores que foram descontinuados.
O CFESS, por ter representação em diversas frentes e espaços coletivos, acompanhou algumas dessas reuniões que ocorreram nos últimos dois meses.
Assistência Social
Entre os dias 25 e 27 de novembro, o CFESS participou do 8º Seminário e da 10 ª Plenária Nacional do Fórum Nacional de Trabalhadoras e Trabalhadores do SUAS (FNTSUAS), que ocorreu na Cidade de Salvador (BA).
Dos eventos, que contou com a participação do conselheiro Agnaldo Knevitz, foram aprovadas a Carta de Salvador e três moções destinadas à equipe de Transição, sendo que em uma delas há uma sugestão de criação do Ministério da Assistência Social, compreendendo que desde a Constituição Federal de 1988, o país não teve o reconhecimento da Assistência Social em mesma proporção das demais políticas de Seguridade Social.
“Não se trata apenas de uma nomenclatura ou ainda um mero desejo de um grupo, mas aprendemos, ao longo dos tempos, que a não utilização do nome próprio na sua estrutura institucional e legal, ocorrerá sempre em uma descaracterização das funções, a não priorização orçamentária, portanto, não iremos deixar a priori que seja dado a identidade para esta jovem e potente política social, que vem ao longo da história da sociedade respondendo a algumas situações de desproteções sociais” diz trecho do documento encaminhado.
Saúde
No dia 28 de novembro, o CFESS participou de audiência com o Grupo de Trabalho da Saúde da Equipe de Transição, sob a coordenação de Arthur Chioro, com a participação de outras integrantes do GT, como Humberto Costa, José Temporão, Nisia Trindade, Fernando Pigatto, Socorro Souza, Lucia Souto), do Conselho Federal de Psicologia (CFP), da Associação Brasileira de Saúde Mental (Abrasme) e de outras várias entidades e movimentos de trabalhadoras e trabalhadoras e da população usuária de grande relevância nas lutas da Política de Saúde Mental e de Álcool e Drogas. Pelo CFESS, participou a conselheira Elaine Pelaez.
“É um momento de reconstrução do sistema de proteção social brasileiro no contexto da pandemia de Covid-19, crise sanitária e do capital, agudizadas pelo projeto ultraconservador e ultraneoliberal que estava em curso e que ocasionou perdas de direitos, regressão nas políticas públicas, na Seguridade Social e nos Direitos Humanos. Pudemos, na reunião, explicitar os ataques à Política Nacional de Saúde Mental (PNSM) e de Álcool e Drogas, e de ampliação do financiamento para Comunidades Terapêuticas, espaço de violação de direitos segundo diversos levantamentos públicos”, comentou Elaine Pelaez.
Nesse sentido, o momento requer o fortalecimento (e reconstrução) da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), a adoção de políticas e práticas de redução de danos e o combate ao racismo institucional e em todas as suas dimensões. “Precisamos romper com qualquer tipo de abordagem conservadora, proibicionista e punitivista, que coloca em risco conquistas históricas da reforma sanitária e reforma psiquiátrica, da luta antimanicomial e de quatro conferências nacionais de saúde mental”, completou a conselheira do CFESS.
Foram pautadas também a necessária realização e fortalecimento da 5ª Conferência Nacional de Saúde Mental (CNSM) em 2023, e a construção e atualização da Política Nacional de Saúde Mental, a partir das deliberações da própria 5ª CNSM.
Previdência Social
Ainda no campo da defesa da Seguridade Social, no dia 7 de dezembro, o CFESS participou de reunião com o Grupo de Trabalho de desenvolvimento social e combate à fome, que tem subsidiado os trabalhos relacionados à política de assistência social.
Na pauta estavam o BPC/Loas, benefício que sofreu diversos ataques nos últimos anos, em especial a partir da aprovação da Lei nº 14.176/2021 e Lei nº 14.441/2022, que, entre outros prejuízos à população, tornaram mais rígidos os critérios de concessão do benefício.
O CFESS fez, inclusive, uma série sobre o tema, onde apontou problemas como limite de renda per capta de até no máximo de meio salário-mínimo, a substituição da avaliação social por uma análise automática, a teleavaliação, a terceirização do atendimento à população usuária.
Participaram da reunião assistentes sociais componentes do GT, entre as quais se destacaram a ex-ministra do extinto Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e uma das coordenadoras do grupo de transição, Márcia Lopes, a representante de coletivo de trabalhadores do INSS, de pesquisadores sobre a deficiência e de referência na pauta, Maria José de Freitas, e a conselheira do CFESS Lylia Rojas.
“Pudermos reafirmar a defesa do modelo biopsicossocial da deficiência, a necessidade de recomposição da força de trabalho do INSS, imediato retorno do atendimento presencial nas agências do instituto, revogação de artigos das leis acima citada, que retrocedem nos direitos da população e restringem o acesso aos serviços”, comentou Lylia, do CFESS, reforçando que o respeito a autonomia profissional da área técnica é fundamental, no sentido de garantir prestação de serviço de qualidade e de forma ágil para população.
Educação
No dia 9 de dezembro, o CFESS participou, por meio da Coordenação Nacional da Psicologia e Serviço Social pela Implementação da Lei 13.935/2019, da reunião com representantes da Equipe de Transição da área da Educação.
As entidades da Coordenação (CFESS, CFP, Abepss, Abrapee, Abep e Fenapsi) puderam apresentar as contribuições das profissões no âmbito da educação, em defesa da “Educação Pública de qualidade para todas as pessoas – crianças, jovens, adultos, com garantia do direito à aprendizagem e permanência escolar/estudantil e valorização do trabalho docente”. Pelo CFESS, participou a conselheira Kenia Figueiredo e a presidenta do CRESS-DF, Karine Figueiredo.
Entre os temas destacados estiveram a consolidação da Lei 13.935, que dispõe sobre a obrigatoriedade dos serviços de Psicologia e Serviço Social na rede pública de Educação Básica; a defesa da formação presencial nos cursos de graduação em Psicologia e Serviço Social; a revogação do atual formato do Ensino Médio, que não possibilita processos de formação que promovam autonomia, pensamento crítico e criativo e chances efetivas de acesso ao Ensino Superior; a recomposição do Conselho Nacional de Educação, hoje predominantemente representado por interesses e entidades privadas, por entidades e sociedade civil que defendam a educação pública.
“Enfatizamos que nosso interesse, longe de representar perspectiva corporativista, vem ao encontro das grandes bandeiras apontadas pelo governo que se iniciará em primeiro de janeiro – que o lema “toda criança e jovem na escola”, que é também o nosso lema, seja garantido. Sabemos que a tarefa é árdua e que um grande esforço de reconstrução será necessário, do qual estaremos participando conjuntamente”, diz trecho de documento síntese apresentado à Equipe de Transição.
Fonte: CFESS
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