Escola de Serviço Social da PUC Minas completa 75 anos se reinventando frente às demandas da atualidade

Publicado em 20/10/2021

Aula de Organização Social da Comunidade, com a professora e primeira diretora da ESS, Modesta Manuela Lopes. Sem data. Acervo PUC Minas.

Foi num espírito de verdadeiro heroísmo que, em 17 de julho de 1946, surge a Escola de Serviço Social de Minas Gerais (ESS) da PUC Minas, instalada em Belo Horizonte, e cuja história ao longo dessas sete décadas tem sido marcada por um intenso envolvimento com a comunidade e por contribuições para a profissão, a nível nacional.

Em 1954, a ESS deixou de ser mantida pelo Instituto de Estudos e Ação Social e passou a ser responsabilidade da Sociedade Mineira de Cultura, mantenedora da futura Universidade Católica. Mesmo pequena em suas dimensões e recursos, a Escola foi essencial à constituição desta instituição de ensino, tendo sido o primeiro curso na área das Ciências Sociais.

O conceito de formação profissional assumida pela ESS, ao longo de sua trajetória, teve diferentes ênfases e tem sido permanentemente revista, movida por influências internas e externas que vão colocando novos elementos para sua compreensão e construção.

Sede da Escola de Serviço Social por volta da década de 1950. Acervo PUC Minas.

Conhecida em todo o país por ter sido berço, em meio a uma Ditadura Militar, do Método BH que foi o embrião da Virada do Serviço Social, em todos esses anos, a ESS tem formado profissionais que se destacam pelo comprometimento, conhecimento e disposição para assumir responsabilidades. Estima-se que mais de 8 mil assistentes sociais tenham se formado aqui.

Para a coordenadora do curso, Maria da Consolação Gomes de Castro, atuar na formação de futuras e futuros profissionais “é uma dinâmica que visa investigar fatos, tornando-se fundamental para compreender a história, a originalidade das condições históricas atuais e para reinventar a atividade humana concreta de luta ao cenário de regressão ultraconservadora”.

Comemoração dos 25 anos da ESS, em 1971, década em que foi criado o Método BH. Acervo PUC Minas.

Entre as muitas conquistas acumuladas em todo este período, Consolação cita o investimento num corpo docente de alto padrão e a participação em importantes grupos de pesquisa vinculados ao CNPq e à Fapemig, como a Pesquisa Política Social: institucionalidades e cotidiano (CNPq) e o Grupo Interdisciplinar de Pesquisa e Extensão Direitos Sociais e Migração (CNPq), que realiza atividades de pesquisa e extensão sobre migração internacional.

Em parceria com o CRESS-MG, foram promovidas inúmeras ações, como a pesquisa “Expressões de assistentes sociais sobre a dimensão técnico-operativa no exercício profissional”, que buscou conhecer, sob a ótica da categoria, as formas de desempenho da competência profissional, com ênfase na dimensão técnico-operativa e sua relação com as demais dimensões do exercício profissional.

Da discência à docência: trajetórias que fazem parte desta história 

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Turma do ano de 2017. Cerca de oito mil assistentes sociais se formaram na PUC Minas

“A PUC faz parte da minha vida acadêmica e profissional desde a graduação até o momento atual, em que atuo como professor do curso de Serviço Social. Na faculdade, tive professoras que incentivaram muito a pesquisa e a buscar possibilidades de bolsas de estudo para o mestrado e doutorado”, afirma o assistente social Waldeir dos Santos, doutor em Relações Internacionais, ambas formações por esta universidade.

A formação política, tão essencial na graduação de futuras e futuros assistentes sociais, foi outro ponto que o professor avalia ter sido um diferencial na ESS. “O Movimento Estudantil de Serviço Social (Mess) também foi um lugar de construção e aprendizado de muito valor. E o ponto interessante é saber que as professoras e professores respeitavam o lugar político do Diretório Acadêmico (DA) e, mesmo com embates com a coordenação, realizamos belos trabalhos”, pontua.

Enquanto docente, Waldeir busca mostrar o quão apaixonante é esta profissão, mesmo diante de todos os desafios, intensificados pela atual conjuntura. “É preciso seguir firme na busca de um mundo melhor para usuárias e usuários dos serviços. Nosso trabalho fica mais interessante e rico quando estamos juntas e juntas da classe trabalhadora: essa é nossa identidade, nosso lugar de luta.”

Num cenário de precarização do ensino, somado a um avanço do conservadorismo nos espaços de poder e decisão, o perfil da categoria tem mudado, muitas vezes dissonante à defesa do Projeto Ético e Político da profissão. Neste sentido, o professor avalia que é preciso manter o diálogo sempre, o que não significa acatar posições conservadoras e que ataquem a vida.

“Nossa profissão sempre se manterá firme na perspectiva da defesa dos direitos de cidadania. E é aqui que entra a Escola de Serviço Social da PUC Minas: um curso que traz na sua essência a busca por uma sociedade com justiça social, que preze pela equidade social, que revisita o passado, mas olha para o horizonte e avista um futuro cheio de esperanças e de boas energias!”, enfatiza o professor.

Método BH: o embrião da Virada do Serviço Social surge aqui

Assistentes sociais responsáveis pelo Método BH foram homenageadas pelo CRESS-MG, em 2018. Na foto, Ana Maria Vasconcelos, Leila Santos, Consuelo Quiroga, Julia Restori e Regina Coeli.

O principal embrião da Virada do Serviço Social, movimento que revolucionou a profissão rompendo com as bases tradicionais e conservadoras, surgiu nos corredores da Escola de Serviço Social da PUC Minas, em plena Ditadura Militar. Conhecida como Método BH, a metodologia foi encabeçada pelas então diretora e vice-diretora, Leila Lima Santos e Consuelo Quiroga. 

Homenageadas pelo CRESS-MG no Dia das e dos Assistentes Sociais de 2019, as profissionais relembraram, na ocasião, que o cenário em que surgiu o Método BH, na década de 1970, era de repressão em função da Ditadura Militar e afirmaram, ainda, que o apoio de uma esquerda católica e comprometida fez toda a diferença para a sua construção.

“Fomos ousadas, porém, muitas circunstâncias concretas e objetivas do momento contribuíram: estávamos em uma universidade privada durante a ditadura e o então reitor nos deu carta branca para implementar o método. Tivemos o privilégio de viver uma grande aventura que deixou frutos e floresceu, mesmo vivenciando um momento sombrio de nossa história”, considera Leila.

Já Consuelo acredita que, assim como no passado, o momento atual pode ser solo fértil para resistência e avanços. “A efervescência da ESS se deu num cenário de retrocessos e obscurantismo semelhante ao que vivemos hoje. O Método BH foi desdobramento de um projeto de formação profissional, com participação ativa e vibrante de estudantes, e que pretendia outros horizontes para a profissão. São ideias e ações que fazem avançar a categoria e, politicamente, todo o país.”

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