Experiências e reflexões para uma luta antirracista é abordado em evento, em Uberlândia

Publicado em 25/11/2019

Em continuidade ao Ciclo de Atividades “Assistentes Sociais no combate ao racismo”, a Seccional Uberlândia promoveu, no dia 12 de novembro, a roda de conversa com o tema “Experiências e reflexões para uma luta antirracista”, no auditório do Ministério Público de Minas Gerais, em Uberlândia. 

O evento reuniu assistentes sociais, integrantes de movimentos sociais e sociedade em geral, e teve como objetivo a promoção de um espaço de diálogo com histórias, experiências, apresentação de dados estatísticos, problematizações, arte e a estimulação da reflexão para a ação o cotidiano. Confira, a seguir, depoimentos de quem organizou e integrou esse rico momento!

Com a palavra, o povo negro!

Na ocasião, houve participação de ilustres figuras do movimento negro da região. Iara Ferreira, assistente social e fundadora do terno de congada “Moçambique Estrela Guia”, relatou sobre a trajetória de luta de sua família nos movimentos sociais da cidade, destacando o congado enquanto herança cultural da negritude e mostrando como conseguem mudar, por meio dessa tradição, a realidade de muitas e muitos jovens em situação de vulnerabilidade. 

Já a jornalista e integrante do movimento de samba na cidade, Priscila Xavier, enfatizou a importância de o povo negro conhecer sua própria história e ancestralidade para seguir lutando. Outra participante da mesa, também congadeira e professora na área da estética para negras, Crislene Assunção pontuou a importância da reafirmação da beleza para essas mulheres, reforçando o quanto o cabelo faz parte da identidade. 

Em sua fala, João Pedro Gomes, criador e administrador da página “Cultura Preta”, contou sua trajetória no hip hop até a criação do site, definindo-o como “espaço para mostrar gente preta”, e falou sobre o poder da representatividade e de tratar das questões cotidianas de racismo enfrentadas cotidianamente pela população negra.

Serviço Social antirracista

A proposição deste momento, segundo Kelly Adriane, integrante da Comissão de Seguridade Social da Seccional, sem a pretensão de esgotar o diálogo, “visa combater o racismo institucional no espaço de trabalho da categoria, dar visibilidade à dimensão racial das demandas por direitos sociais, denunciar o racismo e suas variadas expressões e construir coletivamente formas para o seu combate”.

De acordo com a diretora da Seccional, Yasmine Ferreira, esta roda de conversa marca uma grande parceria da Seccional com os movimentos sociais negros da cidade. Para ela, na atual conjuntura é preciso reafirmar o compromisso do CRESS-MG com a classe trabalhadora e com essas organizações, uma vez que apenas na construção e luta coletiva é possível resistir a tantos retrocessos. 

“Foi uma alegria ver o auditório do Ministério Público tomado pelo povo, a ocupação do espaço público e o direito à cidade também são pautas do Conjunto CFESS-CRESS e é enriquecedor quando conseguimos fazer as discussões para além da categoria profissional. Como foi dito pelas facilitadoras da mesa, ‘não queremos discutir racismo, mas precisamos falar dele enquanto ele existir”, considera.

Como assistente social, Neide Dias, disse que participar da roda de conversa foi importante para refletir sobre as manifestações do racismo, explícitas e implícitas na sociedade, nas relações e nos diferentes espaços. A partir de um olhar mais atento, é possível identificar discriminações e pensar formas de intervenção e combate combate ao racismo na nossa atuação profissional, avalia. 

“Também foi muito marcante ouvir sobre as vivências e experiências de quem sofre na pele essa discriminação. Como mulher branca, sinto que não conseguiria imaginar tantas discriminações!  Por mais que me solidarize ou tenha empatia pela dor do outro, só quem vive situações de racismo pode expressar com propriedade sobre como essas ofensas marcam e são destrutivas. Falar disso, é dar voz a quem historicamente foi excluído e apontar necessidade de mudanças”, pontua.

O Ciclo de Atividades continua. Participe!

O  ciclo de atividades termina com uma mesa redonda sobre “Racismo religioso: construindo possibilidades para a prática profissional”, na terça-feira, 3 de dezembro.

O evento é gratuito e a inscrição pode ser feita por aqui.

Mais

No dia 19/11, aconteceram as palestras sobre “Feminismo” e “Racismo estrutural”. O evento teve transmissão ao vivo e você pode assistir o registro clicando aqui.

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