Seminário Desafios da Pesquisa em Serviço Social pauta desmonte nas políticas educacionais

Publicado em 08/10/2019


No segundo dia, as professoras dra. Eblin Farage e Marina Barbosa abordam o “Capitalismo contemporâneo e os projetos de educação no Brasil".

O 1º Seminário Regional sobre os Desafios da Pesquisa na Área do Serviço Social e a Oficina Regional da ABEPSS Leste proporcionaram intensos debates e reflexões, e permitiram que estudantes e assistentes sociais pudessem realizar trocas de saberes e experiências, além de chamar a atenção para o atual e crítico momento das políticas educacionais no país.

O evento que reuniu estudantes e profissionais do Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, aconteceu em Belo Horizonte, de 19 a 21 de setembro, e contou com o apoio do CRESS-MG e das Unidades de Formação Acadêmica (UFAs) da cidade: Centro Universitário UNA; Centro Universitário Unihorizontes e; Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas).

Estratégias

Como pontuou Diego Tabosa, vice-presidente da ABEPSS Leste e docente do Curso de Serviço Social da Unimontes, “para que possamos vislumbrar qualquer reversão do cenário imposto, é necessário o trabalho coletivo e o diálogo cada vez mais ampliado entre as diversas unidades acadêmicas e profissionais de diferentes espaços de atuação”. 

Propostas que intensifiquem o caráter extensionista das universidades e que potencializem as pesquisas desenvolvidas, de modo a construir redes de pesquisa envolvendo diferentes pesquisadoras e instituições também foi uma necessidade apontada na ocasião, além, ainda, do engajamento nos movimentos sociais como caminho para se construir resistência aos ataques sofridos pela classe trabalhadora.

Governo x Ensino Superior


Debates abordaram desmontes das políticas educacionais no atual governo e o reflexo no Serviço Social.

A pesquisa tem sido alvo direto do Governo Bolsonaro, como avalia o bacharel em Serviço Social (UFF) e militante do Afronte!, Matheus de Paula. “Os atuais governantes têm o conhecimento como um dos seus principais inimigos, afinal, o obscurantismo ergue-se sobre a ignorância e a aparência turva dos fatos. Não há estratégia mais urgente que resistir, permanecer e confrontar os retrocessos defronte a nós.”

Os dois eventos mostraram ao futuro profissional que é preciso usar a pesquisa como o instrumento político que ela é. “É preciso escoar o que é produzido, alcançar as milhares de estudantes e assistentes sociais para que a pesquisa cumpra seu papel essencial de combater o desconhecimento e contribuir com uma formação e uma prática profissional cada vez mais qualificada nos âmbitos teórico-metodológico, ético-político e técnico-operativo”.

E Matheus ainda completa: “Enquanto estudantes e pesquisadores em Serviço Social, é preciso combater o projeto do governo para o ensino superior, ‘Future-se’, assim como as políticas destrutivas da atual composição do MEC e auxiliar as demais representações da categoria a demonstrar a implicação que a profissão tem com a defesa do ensino e pesquisa públicos. O Serviço Social tem responsabilidade ética com essa luta!”

Debates urgentes

O momento caracterizado por corte de bolsas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) vai impactar pesquisas desenvolvidas em todas as áreas do conhecimento, inclusive no Serviço Social, que hoje conta com estudos avançados e sintonizados com os dilemas e questões da sociedade brasileira. 

Segundo Cristiano Costa de Carvalho, assistente social e professor da graduação e pós-graduação em Serviço Social do Centro Universitário Una, o esfacelamento das polìticas educacionais tem impactos diretos para a categoria, uma vez que a pós-graduação na área de Serviço Social tem dedicado à produção do conhecimento em torno de um extenso leque de assuntos relevantes para as políticas sociais.

“O desmonte via desfinanciamento da produção da pesquisa nos distancia do conhecimento da realidade e condições de vida da população, uma vez que nossa profissão necessita constantemente retroalimentar a sua dimensão de instrumentalidade e conhecimento da realidade e, para isso, a pesquisa é essencial”, pontua. Ele avalia, ainda, que apesar do cenário desolador, o evento permitiu que as e os presentes saíssem mais fortalecidos enquanto categoria profissional. 

“Saímos daqui provocados, uma vez que os meios necessários para ultrapassar esta conjuntura nefasta, nos exige ainda mais sintonia com os processos sociais e coletivos, tais como a participação e planejamento de ações com as entidades representativas como ENESSO, ABEPSS, CFESS-CRESS, o trabalho em rede, com os movimentos sociais, as organizações populares e os movimentos sindicais”, considera. 

Estudantes


Docentes e discentes representantes da Enesso, durante o evento. 

A graduanda em Serviço Social da Unirio e integrante da coordenação regional da RV (???) da Executiva Nacional de Estudantes de Serviço Social (Enesso), Angela Carvalho, diz que a principal tarefa que cabe à instituição, nesta conjuntura, é repensar novas estratégias de luta através da crítica construtiva e propositiva. 

“É intrínseco ao Projeto Ético-Político do Serviço Social a luta por um modelo de educação popular, classista, pública, laica, gratuita, de qualidade e socialmente referenciada, portanto, contrário ao modelo de educação mercantilizado posto pelo capitalismo. Dessa forma, pensar um modelo de educação emancipatória se define na troca de saberes, ressignificando o modelo de educação vigente”, diz.

O atual cenário, avalia Angela, traz a necessidade do fortalecimento e organização da classe trabalhadora, dos movimentos sociais e do movimento estudantil. “Entendemos que é de nossa responsabilidade enquanto Executiva Nacional de Estudantes de Serviço Social nos apropriarmos dos processos que estão acontecendo, na perspectiva do projeto emancipatório que defende a construção de outra ordem societária livre de todo tipo de exploração”.

A jovem destaca, ainda, que a formação acadêmica em Serviço Social vai além da sala de aula e também se constrói nos espaços de formação política da Enesso. “Construímos um movimento que questiona a ordem vigente, a ordem capitalista, e que luta pela democratização das universidades. Para além da garantia do acesso lutamos pela permanência na universidade com compromisso na construção de um projeto coletivo de universidade, em unidade com movimentos sociais e de nossa categoria profissional, ambos em conformidade com a luta das trabalhadoras.”

Transmissão Online

Confira, abaixo, os vídeos das mesas principais de cada dia do Seminário. 

“A pesquisa na área do Serviço Social: desafios atuais” – Profa. Dra. Maria Lucia Garcia e Profa. Dra. Yolanda Guerra

“Capitalismo contemporâneo e os projetos de educação no Brasil” – Profa. Dra. Marina Barbosa (UFJF) e Profa. Dra. Eblin Farage (UFF-Niterói)

"O conservadorismo e seus impactos à formação em Serviço Social no Brasil" – Profa. Dra. Paula Bonfim (Uerj) e Profa. Dra. Juliana Melim (Ufes)

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