Visibilidade Lésbica leva mulheres às ruas de BH para lutar por respeito

Publicado em 29/08/2019


Caminhada de Lésbicas e Bissexuais de BH, 2018. Foto: Gabi Borghi.

Maria-homem, sapatão e caminhoneira são alguns dos nomes usados para se referir de maneira pejorativa às lésbicas. Com o decorrer do tempo, as mulheres que amam outras mulheres passaram a usar essas expressões como forma de se reafirmar, dando um novo significado ao que antes era apenas insulto. Mas, ainda hoje, o preconceito impede que essas pessoas vivam livremente e, para exigir respeito, elas sairão às ruas, em Belo Horizonte, nesta sexta-feira, 30 de agosto, às 19h, da Praça Sete.

A 15ª Caminhada das Lésbicas e Bissexuais de BH marca o mês em que, no Brasil, são lembrados o Dia Nacional do Orgulho Lésbico (19/08) o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica (29/08). Nesta edição, o evento tem como tema “Meninas vestem lilás e meninas vestem lilás”, inspirado em uma declaração da ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, sobre meninas só poderem usar rosa e meninos, azul.

“Pegamos essa declaração infeliz, que expressa o conservadorismo e a homofobia do governo Bolsonaro, e a transformamos em paródia. Meninas vestem lilás e meninas vestem lilás, pois esta é a cor das lésbicas, do feminismo e também porque é preciso sair dessa lógica conservadora e que tanto limita e reprime a nossa diversidade enquanto seres humanos”, explica uma das organizadoras do evento, a jornalista e militante do Levante Popular da Juventude, Ariane Silva.

Ao contrário da Parada LGBT que, segundo Ariane é um evento de turismo e que movimenta muito dinheiro, a caminhada é um ato feminista, focado em mulheres que são invisíveis para a sociedade, comenta a organizadora. “Quem vai no dia é porque apoia nossa luta por visibilidade e direitos, mas a discriminação que sofremos, que inclui enxergar lésbicas como chatas e desinteressantes, faz com que o público em geral não se envolva e não divulgue tanto.”

Sem apoio do poder público, ano após ano, as “sapas” usam e abusam da criatividade para divulgar e arrecadar fundos para o grande dia, desde a festa junina Saparraiá à Mostra de Arte Lésbica (MAL) que visa fortalecer a produção artística de lésbicas e mulheres bissexuais. Em uma sociedade machista, amar outra mulher é revolucionário, então fica o convite para se somar, esta semana, a essa importante bandeira de luta das mulheres.

Brejo no Serviço Social


O casal de assistentes sociais, Maíra e Paula, fala sobre a importância de dar visibilidade às lésbicas dentro da categoria. Foto: Arquivo pessoal.

As sapatonas ou, ainda, sapas, como elas mesmas se intitulam, rompem com a ideia de que o correto é ser heterossexual, ou seja, relacionar-se afetivamente com pessoas do outro gênero. Ao fugir desse padrão “heteronormativo” e assumi-lo diante das pessoas, as lésbicas e mulheres bissexuais precisam lidar com a lesbofobia e bifobia de uma sociedade ainda muito conservadora.

No Serviço Social mesmo, encontramos grandes estudiosas e militantes da profissão que são assumidamente lésbicas e bissexuais, como a mineira Kênia Figueiredo, referência em estudos sobre comunicação pública, Silvana Mara, especialista em pensamento da esquerda e a luta pela liberdade de orientação sexual, além do casal Elaine Behring, professora da Uerj, e Ivanete Boschetti, professora da UFRJ, autoras de diversos livros, entre eles “Política social: Fundamentos e história” (2006), escrito por ambas e Marylucia Mesquita, falecida em 2017, ex-conselheira do CFESS e cuja vida foi dedicada à militância feminista e LGBT.

Para falar um pouco sobre o que é ser lésbica e assistente social, nós conversamos com o casal de assistentes sociais de Belo Horizonte, Maíra Ramalho e Paula Silva – que já atuou no CRESS-MG como agente fiscal -, que nos contam um pouco de suas vivências e de como a profissão se relaciona com a luta pelos seus direitos e das demais pessoas LGBT.

Considerando que podem ser várias as formas de opressão sofridas por mulheres (raça, sexualidade, classe social), as entrevistadas destacam que, ao responderem a entrevista, reconhecem o lugar de privilégio enquanto mulheres brancas e cisgênero, pontuando que as experiências relatadas a seguir não necessariamente representam todas as lésbicas.

1. Porque é tão revolucionário ser uma mulher que ama mulheres?

Em um “CIStema” onde afetos, sexualidades, amores e identidades não naturalizados socialmente sofre com a violência e discursos de ódio e medo, resistir e continuar amando torna-se um ato revolucionário.

2. Considerando o atual cenário ultraconservador nos espaços de poder e decisão, qual a importância de falarmos sobre o lesbianismo e a bissexualidade feminina?

Nessa conjuntura, em que somos ainda mais silenciadas e invisibilizadas, a construção de espaços políticos para falar sobre lesbianismo e bissexualidade feminina é fundamental para resistir contra os retrocessos. Mobilizações, encontros e diálogos são imprescindíveis diante de um contexto cada vez mais machista, misógino e que atua no enfraquecimento de ações coletivas.

3. Já viveram situações de lesbofobia/bifobia?

Vivenciamos diversas formas de discriminação e violência. Dentre elas, na família e na sociedade em geral, onde tentam impor comportamentos discretos; em equipamentos de saúde, com profissionais sem preparo e que desconhecem a sexualidade lésbica; no trabalho através de assédios morais relacionados à orientação sexual; em estabelecimentos comerciais em que os proprietários solicitam um comportamento “adequado” diante das e dos demais clientes por se sentirem incomodados com a nossa presença enquanto companheiras.

O sentimento em alguns momentos se traduz em impotência e medo, por nos sentirmos sozinhas diante de uma sociedade ainda muito conservadora, machista, misógina e lesbofóbica. Em outros momentos, o sentimento é de força, força esta que nos impulsiona a lutar e buscar mudanças.

4. Considerando o próprio Projeto Ético e Político do Serviço Social, como o respeito à diversidade sexual deve se dar dentro da categoria e na atuação profissional?

O respeito à diversidade sexual deve se dar como algo essencial e natural dentro da categoria. A atuação deve ser pautada em uma escuta qualificada, sendo importante reconhecer e respeitar a diversidade lésbica e bissexual feminina (cis, trans e travesti) e as várias feminilidades.

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