Publicado em 22/08/2019
Evento foi promovido pelo CFESS, em parceria com o CRESS-BA. Foto: CFESS
O 2º Seminário Nacional Serviço Social e Direitos Humanos, realizado nos dias 8 e 9 de agosto, em Salvador (BA), foi estratégico na consolidação da Campanha de Gestão do Conjunto CFESS-CRESS (2017-2020), “Assistentes sociais no combate ao racismo”. Os nomes das mesas foram inspirados em letras de músicas relacionados à negritude, como “Todo camburão tem um pouco de navio negreiro”, d’O Rappa, “A identidade”, de Alessandra Crispim e “A minha voz uso para dizer o que se cala”, de Elza Soares.
Os movimentos sociais tiveram espaço de fala em todo o evento, enriquecendo os debates ao representar o diálogo da interseção entre gênero, classe e raça, assim como a luta antirracista e anticapitalista. “A relação entre os direitos humanos e a formação sócio-histórica também foi bem construída, tendo como diálogos o processo da economia política e da necessidade de compreensão sobre o Brasil e a sua gênese: escravismo aliado ao patriarcado e ao patrimonialismo”, conta o conselheiro do CRESS-MG, Leonardo Koury.
O evento destacou também a necessidade de o Serviço Social brasileiro aprofundar o debate em questões como a democracia racial, família desestruturada e colonialismo. Não há democracia quando o orçamento público determina qual calçada a população negra vai pisar ou mesmo qual o custo da vida dos mais pobres. Quanto ao conceito de família desestruturada, este encontra-se enraizado nas políticas sociais no sentido da culpabilização das famílias, em especial das mulheres negras. Sobre o colonialismo, o debate visa entender a formação capitalista e, no caso do Brasil, através da violência do Estado, do patrimonialismo e do patriarcado.
Para o assistente social e também militante, “o desafio é compreender a mudança do conjunto de direitos sociais quando no atual governo Bolsonaro e nos dois anos de Temer, o eixo da Seguridade Social passa a ser menos privilegiado frente a ideia de Segurança Pública. A profissão é altamente atacada quando os direitos sociais e as bandeiras de lutas do Serviço Social se somam ao modelo de estado posto”, pontua.
Atuação profissional antirracista
Não basta não ser racista, é preciso ser antirracista. Foto: CFESS
O evento se deu em uma conjuntura atravessada por uma crise econômica e política, com uma brutal deterioração das condições de vida e trabalho da população. O recuo civilizatório vivenciado cotidianamente vem acompanhado por ataques às escassas políticas sociais conquistadas no país. As contrarreformas que eliminam direitos, sustentadas por discursos neoconservadores culminam em uma forte criminalização da pobreza e no aumento do genocídio do povo negro, considera o assistente social, membro da delegação do CRESS-MG, Cláudio Miranda.
“Diante da agudização das expressões da ‘questão social’ e do avanço de princípios que vão na contramão da direção social sustentada pelo projeto ético e político do Serviço Social, reafirmar o comprometimento com os direitos humanos, com a centralidade no combate ao racismo, insere este evento como um marco de reafirmação de nossos posicionamentos. Foi momento de revisitar fundamentos e se revigorar para as lutas que precisamos travar desde nosso cotidiano profissional e para fora dele, sempre juntos aos movimentos sociais”, avalia.
O compromisso com a luta antirracista deve ser materializado no cotidiano profissional, especialmente em relação ao racismo institucional, como sugere Cláudio. “Podemos dar visibilidade, ou mais visibilidade, à própria campanha da gestão, já que ela nos convoca a refletir não somente entre nós, assistentes sociais, mas também junto à população que atendemos e aos movimentos sociais, seja apresentando os materiais, debatendo junto às usuárias e usuários, equipes e o próprio movimento negro”, pontua.
Saiba mais sobre a Campanha “Assistentes sociais no combate ao racismo”.
Outra frente, como exemplifica o assistente social, são as possíveis estratégias para enfrentar o silenciamento da população negra no cotidiano. “Sabe-se que a população atendida pela categoria, nos serviços públicos, é majoritariamente negra. Mas isso não aparece como questão central para nós, nem sequer nos relatórios, estudos, pesquisas. Por isso, podemos acrescentar o quesito ‘raça’ nos instrumentos de trabalho, identificando as demandas específicas da população negra que, além de possibilitar o tensionamento das respostas institucionais, poderão contribuir para a construção de políticas públicas”.
Finalmente, Cláudio sugere que as e os assistentes sociais podem, ainda, debater a questão do racismo nos grupos com a população usuária e suas famílias a partir das próprias vivências dos sujeitos, mas, também com base nas cartilhas existentes, com vídeos, curtas, dentre outros materiais que tratam das desigualdades entre pessoas negras e não negras. Em uma sociedade racista, não basta não ser racista, é preciso ser antirracista e o CRESS-MG, em consonância com o restante do Conjunto CFESS-CRESS, está empenhado em contribuir para o fim do racismo e da desigualdade racial.
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