Diretor da Fhemig elogia atuação de assistentes sociais no Brumadinho

Publicado em 31/01/2019

O diretor assistencial da Fhemig, Marcelo Lopes Ribeiro, recebeu a imprensa na porta do Hospital João XXIII na tarde de ontem para uma coletiva, na qual esclareceu sobre todo o trabalho que vem sendo prestado pela Rede Fhemig às vítimas do rompimento da barragem da mineradora Vale, na Mina Feijão, em Brumadinho. Ainda permanecem internados no hospital quatro vítimas diretas da tragédia (três mulheres, de 15, 22 e 43 anos e um homem, de 55 anos). Além deles, também segue internada uma mulher de 65, que passou mal ao receber notícias de um parente desaparecido.

De acordo com Marcelo, no fim de semana a mineradora Vale se prontificou a transferir os pacientes do João XXIII para a rede particular, a fim de aliviar o pronto socorro, porém a transferência foi recusada por todos. “Dos sete pacientes que estavam conosco no momento, elencamos cinco que poderiam ser transferidos e a minha equipe de assistentes sociais, que está sendo brilhante, conversou com cada um dos familiares e pacientes. A resposta foi unânime: ‘A gente quer ficar no Hospital João XXIII. Nunca tivemos um atendimento tão efetivo e cuidadoso’. Isso para a minha equipe foi uma satisfação”, contou o diretor.

Segundo ele, algumas pessoas deglutiram a lama, mas em pouca quantidade, e algumas também tiveram irritação ocular, sendo necessário um exame mais minucioso do olho por não estarem enxergando direito. “Não tivemos como identificar os tipos de substâncias contidas na lama. O Serviço de Toxicologia do João XXIII pediu para que fosse feita a coleta do material para identifica-las, só que ele ainda permanece em estudo”, afirmou.

Apoio psicológico

Psiquiatras e psicólogos dos hospitais Eduardo de Menezes e Raul Soares, da Rede Fhemig, vão fazer plantão 24 horas em Brumadinho para dar suporte às vítimas do rompimento da barragem e seus familiares. Os profissionais estão atuando também no apoio a parentes no Instituto Médico-Legal (IML) de Belo Horizonte. Médicos legistas, que têm dupla jornada e também trabalham no João XXIII, estão sendo liberados para reforçar a equipe, que está com uma demanda muito maior que o seu normal. Para isso, está havendo um remanejamento de profissionais, de modo que não atrapalhe a rotina do pronto socorro.

“Nossa maior preocupação agora é o que vai acontecer com os familiares e as vítimas do acidente daqui para frente, mesmo as que não estão no hospital, em relação ao impacto do trauma psicológico. Temos relatos de colegas psiquiatras de que tem pessoas que até hoje não se recuperaram do trauma da tragédia em Mariana, em 2015”, afirmou o diretor assistencial.

O diretor ressaltou ainda que tudo isso só está sendo possível graças a todo apoio que vem recebendo do governador do estado, Romeu Zema, da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), e da presidente da Fhemig, Vânia Cunha. “O governador está colocando muito empenho em cima disso, falou que poderíamos contar com ele para todo recurso possível e impossível, e realmente estamos podendo contar. Estamos tendo um apoio muito forte da SES e da presidente da Fhemig, que está liberando todos os recursos que estão ao seu alcance para ajudar essas pessoas”, afirmou.

Primeiras vítimas

De acordo com o diretor, o primeiro helicóptero chegou com duas vítimas em estado grave, sendo que uma delas já teve que ser encaminhada ao bloco cirúrgico imediatamente, com múltiplas fraturas na pelve e no tórax, e a outra chegou com hipotermia, pois estava coberta de lama, e com fratura no cotovelo e lesões de partes moles.

“Quando atendíamos essas pessoas, chegou mais uma ambulância com outras duas vítimas. Uma com várias escoriações na face e a outra com trauma abdominal leve. Logo depois chegou o quinto, com traumatismo craniano”, explicou.

Plano de catástrofe

O Plano de Atendimento a Múltiplas Vítimas (Plamvi) do Hospital João XXIII foi ativado assim que chegou a notícia do rompimento da barragem, por volta das 13h da última sexta-feira, 25. Em seguida, foi instalado o Centro de Gerenciamento de Crise (CGC) e feita uma busca em toda a unidade para saber quais pacientes poderiam ser transferidos para outro hospital, visando aumentar ainda mais a capacidade de atendimento às vítimas do acidente. “Conseguimos transferir 16 pacientes, principalmente para hospitais da Rede Fhemig. Nosso plano tem capacidade de atender 80 pessoas simultaneamente. Se por acaso extrapolasse esse número, iríamos dividir com a rede de urgência da cidade”, afirmou o diretor assistencial.

O Plano de catástrofe foi desativado às 21h de sexta-feira, mas deixado em estado de alerta. Caso ainda sejam encontrados sobreviventes, o hospital permanece de portas abertas e a equipe está atenta. 

Fonte: Fhemig

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