Publicado em 11/07/2018
Recorde de público aponta maior visibilidade do debate sobre LGBTI na sociedade. (Foto: Carina Castro)
A região central de Belo Horizonte ficou mais, muito mais colorida neste domingo, 8 de julho, em função da 21ª Parada do Orgulho LGBT. O cenário de retrocessos vividos no país não intimidou, nem desanimou a população de sair às ruas, pelo contrário, o evento que faz parte do calendário cultural e político da capital, teve recorde de público. De acordo com a prefeitura, 150 mil pessoas participaram do desfile-manifestação.
O tema escolhido, “Mais democracia e mais direitos humanos: esse é o Brasil que queremos para as LGBT!”, propôs a reflexão de que, mais que um momento de descontração, a parada é um ato político que reivindica o fim das opressões de orientação sexual e de identidade de gênero. Além do mais, é uma oportunidade para dar voz às demandas de gays, lésbicas, bissexuais, trans e intersexos.
Se por um lado, o conservadorismo tem retirado direitos dessas pessoas, por outro, ele intensifica a resistência. Para o assistente social e diretor do Centro de Luta pela Livre Orientação Sexual de Minas Gerais (Cellos-MG), Bruno Alves, este fator refletiu no aumento de participantes na Parada. “Houve um crescimento exponencial do debate na sociedade e, também, diante da conjuntura, a população está mais mobilizada e atenta a uma série de questões”, observa.
Ô abre alas, que as “sapas” vão passar
Lésbicas e mulheres bissexuais ganham mais visibilidade nesta edição da Parada do Orgulho LGBT. (Foto: Carina Castro)
Há muita gente que se refere à Parada do Orgulho LGBT como Parada Gay, expressão que deixou de ser usada há mais de dez anos. O nome atual veio para dar visibilidade aos outros segmentos que compõem essa população e, ainda que o protagonismo do ato, em Belo Horizonte, seja notadamente de homens gays, as lésbicas e as mulheres bissexuais têm conquistado seu espaço.
Criado em abril deste ano, o Bloco Truck do Desejo, foi lançado oficialmente durante a 21ª Parada do Orgulho LGBT. O grupo, formado por lésbicas e mulheres bissexuais, tem o intuito de subverter o preconceito a partir da carnavalização e do humor, explica uma das integrantes, a doutora em Geografia Humana e Estudos Urbanos, Mara Nogueira.
“O estereótipo da lésbica como caminhoneira foi escolhido como nosso discurso alegórico. A ideia não é ser apenas um bloco de carnaval, mas também um ponto de encontro de mulheres com múltiplos talentos. A partir desse encontro, queremos que surjam novos projetos e que a força da mulher sapatona e bi se multiplique”, pontua.
Com um repertório diversificado e que privilegia as compositoras e cantoras lésbicas e bissexuais da música popular brasileira e internacional, o bloco pretende marcar o espaço desta parcela da população também durante os festejos carnavalescos. O lançamento, neste domingo, foi uma forma de dar visibilidade ao que é proposto pelas integrantes.
“Programar a estreia na Parada vem de encontro a nossa proposta de ser mais que um bloco de carnaval, pretendendo criar e ocupar espaços de trocas e construções políticas e de outras ordens. É fato que as mulheres (cis e trans) lésbicas e bissexuais têm menor visibilidade dentro do movimento como um todo. A ideia de criar um bloco para essas pessoas é a nossa forma de tentar contribuir no sentido de mudar esse panorama”, destaca Mara.
Serviço Social em cores
Demandas da população LGBTI são, também, bandeiras de luta do Serviço Social. (Foto: Carina Castro)
O Projeto Ético e Político do Serviço Social tem como primeiro princípio a liberdade, e orienta para a construção de uma sociedade que supere não só as opressões de classe, mas de gênero, raça, entre outras. No mesmo sentido, está a Parada do Orgulho LGBT.
Simpatizante da causa, o conselheiro do CRESS-MG, José Ribeiro, participou do ato desse domingo e pontua que toda e todo assistente social deve estar presente em espaços como esse, uma vez que a luta e a defesa intransigente dos diretos da população LGBTI faz parte das bandeiras de luta do Serviço Social brasileiro.
“Precisamos participar desses momentos, pautando a construção de um ‘projeto profissional vinculado ao processo de construção de uma nova ordem societária, sem dominação, exploração de classe, etnia e gênero’, e ainda trabalhando com ‘empenho na eliminação de todas as formas de preconceito, incentivando o respeito à diversidade, à participação de grupos socialmente discriminados e à discussão das diferenças. Somos todos diferentes. Ainda bem!”, afirma.
Também presente no ato, a assistente social Janaína Andrade, diz que abraça a causa há anos. “É um ato político, é o momento da população LGBT dizer à sociedade que também faz parte deste contexto e de se reafirmarem como pessoas iguais a todas em direitos. É ato de ocupar a cidade por mais políticas públicas para esta população, contra o conservadorismo. É, ainda, uma demonstração de apoio social e legitimidade das pautas LGBT”, avalia.
A realidade de violação de direitos, a negligência na efetivação das políticas públicas e o preconceito reforçam a coibição dessa população no acesso aos serviços e, para Janaína, isso deve ser levado em conta pela categoria profissional. “A Parada é uma resposta a estas demandas. Por isso é importante estar presente aqui e lutar contra o preconceito, por uma política pública efetiva e por mais direitos humanos, como indica nosso projeto ético e político”, comenta.
Veja também: Boletim Especial: Dia Mundial do Orgulho LGBTI
Redação: Marcela Viana.
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