Publicado em 29/04/2014
“Na Copa, comemorar o quê?”. É com este mote criativo e provocativo que o Conjunto CFESS-CRESS apresenta o material alusivo ao Dia do/a Assistente Social 2014, celebrado em 15 de maio. A campanha foi elaborada a partir da temática “Serviço social na defesa do direito à cidade no contexto dos megaeventos”, definida pelo 42º Encontro Nacional CFESS-CRESS, realizado em 2013.
O assunto já vem sendo debatido pelo Conjunto CFESS-CRESS há alguns anos. As participações do Conselho Federal nas conferências nacionais das Cidades (2010 e 2013), a realização de um seminário sobre serviço social e questão urbana (2011) e a articulação do CFESS com o Fórum Nacional de Reforma Urbana (FNRU) demonstram que o serviço social brasileiro vem acumulando conhecimento na área. E agora, com a proximidade dos megaeventos, principalmente da Copa, assistentes sociais do Brasil precisam marcar posicionamento crítico às questões postas e as que estão por vir.
Afinal, debater as cidades nunca se resumiu somente à infraestrutura ou à moradia: significa trazer à tona temas que estão interligados, como saúde, educação, segurança, transportes, cultura, lazer… Inclusive as relações humanas que as cidades propiciam!
Não à toa que, em junho de 2013, o Brasil foi tomado por inúmeras manifestações exigindo melhorias, principalmente na área da educação e da saúde. “Da Copa eu abro mão, eu quero mais dinheiro para a saúde e a educação” foi uma das palavras de ordem que tomaram conta das mobilizações por todo o país.
Tudo isso se contrapõe ao discurso dominante de que os megaeventos deixarão um legado sociourbano e socioambiental positivos. O que se vê, até o momento, são altos investimentos em estádios, sendo que muitos deles se tornarão “elefantes brancos”, além de obras emergenciais de pouca resolutividade, que estão longe de atender à demanda da população, bem como diversas denúncias de superfaturamento.
Bom destacar, ainda, a série de violações de direitos humanos que a população mais pobre vem sofrendo: despejos e desapropriações truculentos de pessoas em assentamentos informais.
Isso sem contar as mortes de operários nas obras para a construção de estádios e até mesmo denúncias de que trabalhadores migrantes teriam sido encontrados em situação análoga a de escravos na obra de ampliação do aeroporto de Guarulhos (SP). Ou seja, a classe trabalhadora continua sendo esmagada e violada em seus direitos.
Queremos saúde e transporte públicos de qualidade! Queremos moradia digna!
Se não há motivos para comemorar, sobram razões para protestar! Porque a Copa está servindo para escancarar os contrastes da sociedade brasileira, escancarar que o capital é, mais uma vez, colocado em primeiro plano, deixando a população à mingua e massacrada pelo não atendimento às suas necessidades.
O material alusivo ao Dia do/a Assistente Social 2014 não só alerta que não há o que se comemorar com a Copa, mas também reafirma a necessidade urgente de três direitos garantidos pela Constituição Federal de 1988, e que não são priorizados pelo poder público.
As imagens da campanha tiveram como palco Brasília (DF). A cidade, que deveria ser exemplo para o país, já que é a capital federal, confirma sua referência negativa de ser a capital da corrupção, das desigualdades e dos contrastes.
A fotografia sobre moradia, por exemplo, foi feita numa comunidade a pouco mais de quatro quilômetros do Congresso Nacional. As imagens sobre o transporte e saúde revelam o descaso do Estado com a classe trabalhadora, que sofre, cotidianamente, com as péssimas condições dos coletivos e com a falta de atendimento nos hospitais e postos de saúde não só em Brasília, mas por todo Brasil.
E foi nesse mesma cidade sede da Copa que se construiu o estádio mais caro deste megaevento. O Estádio Nacional Mané Garrincha, segundo noticiado por vários meios de comunicação, tem um custo final estimado em R$1,9 bilhões. Ainda conforme a mídia, levando-se em consideração o resultado operacional com jogos e eventos obtidos em um ano após a conclusão da obra, cerca de R$1.137 milhões, serão precisos 1.167 anos para recuperar o que se gastou.
Está ou não está explicado por que a Copa vem escancarar as nossas mazelas? Afinal, não se vê o mesmo ânimo dos governantes para investir dinheiro público em direito social, como a educação pública, saúde pública, moradia, transporte etc.
Cuidado ao falar da Copa
É importante ter cuidado ao citar a Copa. No site da empresa organizadora do evento (Fifa) há um documento que mostra todos os termos patenteados e passíveis de ação judicial: Copa do Mundo, Copa 2014, Brasil 2014, Copa do Munda da Fifa, entre tantos outros. A única possível de utilização no slogan do Dia do/a Assistente Social 2014 foi a palavra Copa, já que a mesma é genérica e não pode ser patenteada.
Divulgação do Dia do/a Assistente Social
Como nos anos anteriores, o Conjunto CFESS-CRESS está produzindo uma série de materiais para divulgar a data.
Cartazes, marcadores de página e adesivos começarão a ser distribuídos a partir de maio pelos CRESS para as comemorações e eventos que ocorrem em nível regional. A campanha será divulgada também por outdoors e busdoors (para ser veiculado em ônibus), além do spot de rádio e do vídeo para internet e TV (caso os CRESS façam a veiculação).
Veja e baixe o material já disponível do Dia do/a Assistente Social 2014
O CFESS produziu um manifesto sobre as comemorações, que afirma: “se as cidades são arenas da luta de classes, as/os trabalhadoras/es lá estarão para manifestar e apresentar suas reivindicações. E a nós, assistentes sociais, cabe a difícil tarefa de manter o compromisso ético e político pela defesa dos/as trabalhadores/as, dos direitos e não sucumbir à lógica destrutiva do capital. Reafirmamos nosso projeto ético-político comprometido com a garantia inalienável dos direitos humanos, da democracia e da superação da ordem social capitalista desigual e excludente, na perspectiva de cidades justas”.
Todos os materiais impressos estarão disponíveis nos CRESS a partir do dia 2 de maio.
Fonte: CFESS
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