Índios xakriabás apostam em educação para preservar seus costumes

Publicado em 16/04/2014

Xakriabá significa bom de remo. O nome foi dado pelo fato desse povo percorrer das margens do Rio Tocantins ao Rio São Francisco, no Norte de Minas, onde hoje se situam, ocupando um espaço de mais de 50 hectares. Da mistura com escravos negros que ali habitavam, surgia o povo Xakriabá.

Hoje a língua falada é o português e o contato cada vez mais próximo com a sociedade tem dificultado a preservação da cultura desse povo, como explica a assistente social do Centro de Referência de Assistência Social Xakriabá (Cras), Daniela Soares. “Se por um lado, a modernidade traz melhorias de vida para os indígenas, por outro, é preciso estímulo para que, principalmente, os jovens, não abandonem suas aldeias e costumes”, afirma.


Xakriabá. Foto: Flora Rajão

Os Xakriabás são a maior etnia indígena de Minas Gerais e seu território se divide em mais de 32 aldeias. Recentemente foi implantada a disciplina “Cultura Xakriabá” nas escolas da reserva, voltada para a cultura étnica e para a preservação da memória e da identidade indígena local.

Formada em Ciências Sociais pela UFMG, a índia Célia Xakriabá, recentemente retornou a sua aldeia para lecionar a matéria aos demais índios, com foco na pintura corporal. “A nossa identidade é caracterizada pela mistura de elementos culturais. Essas preocupações com a identidade histórica e cultural do meu povo e a relação desse tema com a pintura corporal é uma característica nossa e que mostra nossa relação com a espiritualidade – uma das marcas do nosso sentimento de pertencimento”, comenta.


Daniela Soares e índios idosos Xakriabás. Foto: CRAS Indígena

A educação com a finalidade de preservar o povo não se restringe apenas aos mais novos. O Cras Xakriabá, que é o primeiro exclusivamente indígena do país, surgiu em 2008 e promove encontros entre os idosos para reafirmarem sua cultura. “As oficinas de convivência são momentos em que há uma troca de experiência entre os participantes e também é uma oportunidade desses índios resgatarem sua história”, conta.


Crianças xakriabás em oficina do CRAS. Foto: CRAS Indígena

Há doze anos vivendo na reserva, a assistente social Daniela destaca que há muitas questões sociais e estruturais para se considerar na garantia dos direitos indígenas, mas é preciso investir em educação e conscientizar a todos como o saber é importante nesse contexto. “Manter viva a história dos Xakriabás é determinante para a conquista de seus direitos e para sua própria existência”, destaca.

Diálogo com o executivo

No dia 14 de abril, uma audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, reuniu representantes de etnias indígenas do estado para cobrar do governo esclarecimentos sobre a Resolução 2.442/13, da Secretaria Estadual de Educação (SEE).

A norma prevê o reajuste do quadro de funcionários da rede estadual de educação básica, visto que algumas escolas apresentam déficit e outras, excesso de profissionais. Mas em muitas escolas indígenas o impacto foi negativo. Só na escola Xakriabá, cerca de 50 funcionários foram dispensados e houve paralisação das atividades.

De acordo com a representante da SEE, Soraya Hissa de Siqueira, o governo pretende manter o diálogo com as lideranças indígenas e promover as alterações solicitadas para o funcionamento das escolas nas aldeias. Segundo Soraya, já está sendo feito um levantamento para elaborar uma resolução construída com a consulta direta aos indígenas.

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