Evento com jornalistas e conselheiros do Conjunto debate Comunicação e Serviço Social

Publicado em 10/09/2013

Se você tem o hábito de ler as publicações e reportagens produzidas pelo Conjunto CFESS-CRESS, chegou até aqui por meio de um link pelo Facebook ou Twitter, ou ainda se interessa pela questão da linguagem no serviço social, saiba que tudo isso é pauta para o debate da comunicação na profissão. O 3º Seminário Nacional de Comunicação do Conjunto CFESS-CRESS, realizado nos dias 4 e 5 de setembro, em Recife (PE), e que reuniu as assessorias e comissões de comunicação do Conselho Federal e Conselhos Regionais, num total de 100 participantes, abordou todas essas questões.

Mas por que discutir “Linguagem, política e redes sociais”? Se o serviço social está na defesa de uma sociedade justa e igualitária, esta luta, no âmbito da comunicação, deve acontecer em diferentes aspectos e espaços. Seja assumindo a comunicação como direito, seja na utilização de uma linguagem que não reproduza valores discriminatórios disseminados na sociedade, seja defendendo posicionamentos críticos frente ao conservadorismo da sociedade, que se reflete nas redes sociais.

Para o jornalista Arthur William, do Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC) e pós-graduado em Novas Mídias pela Universidade Federal Fluminense (UFF), esta conversa começa pela discussão sobre o oligopólio dos meios de comunicação no Brasil, que está nas mãos de sete famílias. “O Brasil precisa de uma ‘reforma agrária’ na mídia”, reivindicou o jornalista, destacando a necessidade de uma redivisão das concessões públicas de rádio e televisão.

Arthur falou ainda que as redes de telecomunicações também estão concentradas e dominadas por um número pequeno de grandes conglomerados que, atendendo a interesses comerciais, podem bloquear o acesso a redes em países inteiros.

O jornalista do NPC abordou também a convergência da comunicação na atualidade e as mídias sociais, destacando algumas experiências que ganharam destaque nos últimos meses, como a Mídia Ninja (Narrativas Independentes, Jornalismo e Ação), um coletivo que tem feito uma espécie de jornalismo ativista, com tecnologia disponível (celulares com conexão de internet, redes sociais), dando voz a sujeitos e fatos normalmente ignorados pela grande imprensa. “Mas é preciso desmitificar essa coisa de que as manifestações populares de junho no país começaram nas redes sociais. Os movimentos começaram nas ruas e depois ganharam repercussão nas redes”, finalizou.

A coordenadora da Comissão de Comunicação e presidente do CFESS, Sâmya Ramos, fez uma análise sobre o papel da mídia na disputa pela hegemonia na sociedade brasileira e a importância da luta pela democratização da comunicação como estratégia da classe trabalhadora para avançar na disputa de hegemonia, na perspectiva da superação da barbárie capitalista. Abordou também até que ponto as redes sociais são instrumentos de mobilização ou, ao contrário, de desmobilização dos movimentos sociais, de qual a melhor maneira de utilizá-las a favor do projeto de sociedade que o serviço social defende e de como elas podem contribuir para dar visibilidade à profissão.

Sâmya afirmou as redes sociais como espaços de disputa ideológica. “Por isso, precisamos ocupá-los”. Segundo Sâmya, uma breve análise do perfil do CFESS no Facebook, que conta com mais de 36 mil pessoas em pouco mais de um ano de criação, revela a batalha que o Conjunto CFESS-CRESS precisa fazer neste espaço, tendo em vista o perfil de alguns comentários, que demonstram: conservadorismo; desconhecimento da regulamentação da profissão; do papel das entidades representativas; nível de formação, que dificulta o entendimento dos conteúdos publicados.

A presidente do CFESS também fez questão de ressaltar algumas diretrizes da Política de Comunicação do Conjunto que balizam as ações na área.

Linguagem não discriminatória

A tarde do primeiro dia de seminário iniciou com a mesa-redonda “Política, Linguagem não discriminatória e Serviço Social”. A primeira a falar foi a linguista e professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Jonê Baião. Ela fez uma análise sobre a linguagem como disputa de poder e hegemonia e também abordou o conceito de linguagem não discriminatória, enfatizando as questões de gênero, raça e social. “A língua portuguesa é discriminatória sim, porque o ser humano é preconceituoso. No entanto, a estrutura de uma língua é modificada, trabalhada por quem a usa. Nesse contexto, ela se modifica e o uso consagra as novas formas da linguagem”, afirmou a linguista. Jonê Baião acrescentou que é daí a necessidade de se pensarem formas práticas para contribuir contra a discriminação na linguagem.

Em seguida, a jornalista e doutora em história Sandra Machado fez uma análise da questão do gênero na linguagem, e da discriminação na língua. Segundo ela, a linguagem é cooptada pela economia e a política para a perpetuação dos estereótipos sociais: ela representa padrões dos valores sociais e culturais do eurocentrismo. “Estes são elementos que permanecem sendo perpetrados e perpetuados pela comunicação de massa no Brasil”.  Ela também explicou que, no jornal da mídia comercial, a linguagem de gênero ainda encontra dificuldade em ser utilizada, porém há outras estratégias para a inserção da linguagem não discriminatória nos meios de comunicação, como a escrita das palavras nos dois gêneros, os termos generalistas, dentre outros.

A assistente social e professora da Universidade de Brasília (UnB) Kênia Figueiredo completou as palestras da mesa, falando sobre a linguagem e o trabalho de assistentes sociais. “Precisamos construir estratégias didático-pedagógicas em nossa comunicação com a categoria. Isso significa pensar uma linguagem que nos ajude a cortar ruídos, para conseguirmos transmitir o que desejamos efetivamente comunicar”, observou a professora. Ela também refletiu sobre o uso de uma linguagem burocrática com usuários/as do serviço social, devido aos termos técnicos, característicos das diferentes profissões. “Precisamos descomplicar, facilitar, comunicar. A linguagem burocrática reproduz uma relação de hierarquia, que combatemos, e que dificulta o entendimento das pessoas que nos ouvem ou que recorrem a nossos serviços. Uma coisa é conversarmos entre nós, em nossa produção científica; outra, é conversarmos com a mídia, com a sociedade e com usuários/as”, concluiu a assistente social.

Experiências e desafios

O último dia do 3º Seminário de Comunicação reuniu assessorias e comissões de comunicação dos CRESS e do CFESS, para um momento de socialização de experiências e para um debate, a partir da Política Nacional de Comunicação do Conjunto, documento que orienta as ações e estratégias para a área nos Conselhos.

Inicialmente, a comissão de comunicação do CFESS apresentou os resultados da  pesquisa virtual “Perfil da Comunicação do Conjunto CFESS-CRESS”, registrando o avanço conquistado nos últimos anos, uma vez que o número de regionais com equipes, serviços ou assessorias de comunicação já chegam a 20. Os dados da pesquisa serão disponibilizados em breve no site do CFESS.

A presidente e coordenadora da comissão de comunicação do CFESS, Sâmya Ramos, destacou a importância do entendimento, pelas diretorias dos Conselhos, da comunicação como um investimento, uma vez que essa área profissional torna possível a divulgação das posições, ações e estratégias do serviço social à categoria, à sociedade e à mídia. “Fica o desafio de construirmos coletivamente as melhores estratégias e linguagens para o fortalecimento e a visibilidade de nossa profissão e dos princípios de nosso projeto profissional”, concluiu a conselheira.

Assinaturas do kit “Para expressar a liberdade”

Durante o evento, foram reunidas assinaturas a favor do “Para expressar a liberdade: uma nova lei para um novo tempo”, que pretende encaminhar um Projeto de Lei de Iniciativa Popular das Comunicações para regulamentar o que diz a Constituição Federal de 1988 em relação às rádios e televisões brasileiras. Entidades da sociedade civil e do movimento social estão se organizando para recolher mais de um milhão de assinaturas para colocar o Projeto em debate no Congresso Nacional. Arthur William e Sâmya Ramos destacaram a importância desta iniciativa.

CFESS Manifesta com a temática

Também no Seminário, o CFESS lançou um manifesto que faz uma análise dos temas debatidos (clique aqui para ler). “Note-se que utilizamos a palavra ‘ocupar’, e não ‘invadir’. Aprendemos isso com o movimento de trabalhadores e trabalhadoras sem terra (MST) que, criminalizado pela grande mídia, é acusado constantemente de ‘invadir’ terras. Atente-se aos diferentes pesos que as duas palavras carregam. Este é o teor político que o debate da linguagem aborda”, diz trecho do documento.

Fonte: CFESS

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