Debate esclarecedor marca evento sobre Serviço Social e Comunicação

Publicado em 09/05/2013

O que o Serviço Social tem a ver com a área de Comunicação? Por que a categoria deve estar por dentro do que acontece nesse campo? Foram as respostas a essas e a outras perguntas que conduziram a Roda de Conversa “Serviço Social e Comunicação”, promovida pelo CRESS-MG, em BH, no dia 26 de abril.

De um lado, Cláudio Magalhães, jornalista, mestre em Comunicação Social, doutor em Educação pela UFMG e professor do Centro Universitário UNA, apresentou o atraso no marco regulatório da comunicação no Brasil e como o oligopólio dos meios de comunicação por algumas poucas famílias impedem que os brasileiros tenham acesso a programações de qualidade.
 
Do outro lado, complementando a discussão e aproximando-a do Serviço Social, Kênia Figueiredo, mestre em Serviço Social, doutoranda em Comunicação pela UnB e professora do Departamento de Serviço Social da mesma instituição, comentou sobre a necessidade de os assistentes sociais se apropriarem da luta pelo direito à comunicação, além de mostrar a importância de a categoria adaptar sua linguagem para garantir seu espaço na mídia.
 
Direito à Comunicação

Todo debate que envolve a garantia de direitos aos cidadãos, compete ao assistente social. No caso do direito à comunicação não é diferente. Mas o desconhecimento sobre essa demanda e suas implicações sociais, impede que a categoria se aproprie dessa luta, como afirma Kênia. “A comunicação movimenta diversos atores sociais. Trata-se de um debate político que ainda não assimilamos. Ainda estamos tentando identificar qual é o nosso lugar nessa luta”, comenta.
 
A democratização da comunicação trabalha na lógica da informação como meio de construção da cidadania e pressupõe uma interlocução ativa com o receptor, o que se assemelha muito aos ideais e até mesmo ao exercício profissional do assistente social. “Estudiosos da área, dizem que a comunicação pública é um elemento central para o Estado democrático, pois tem um papel de regulação, de proteção e antecipação do serviço público”, destaca a professora.
 
Assista o vídeo sobre "neutralidade da rede", abordado por Kênia no evento.
 
Além disso, Kênia falou sobre como a precarização do trabalho tem provocado um acúmulo de funções burocráticas no exercício profissional do assistente social, fazendo com que a função pedagógica do Serviço Social seja substituída pela informação, e não pela comunicação. "É muito estreita a relação da comunicação com a nossa função pedagógica, que entrou em desuso nos anos 1990. Temos que falar mais sobre isso, até porque também somos trabalhadores. Não podemos abrir mão de uma função que é nossa. Não exercê-la significa que somos gestores da pobreza", reflete.
 
Serviço Social na mídia
 
Com tantos meios de comunicação e o acesso relativamente fácil a eles, só não se expressa quem não quer, ou quem não sabe. Nesse sentido, o Serviço Social pode e deve utilizar esses recursos para socializar suas diretrizes. No entanto, Kênia, diz que o conteúdo e a linguagem usada também devem ser considerados, não apenas o instrumento. “Não é questão de discutir se Facebook é bom ou ruim. Precisamos usar essas ferramentas para dar visibilidade à profissão, pois, temos um projeto societário que precisa ser socializado”, pondera.
 
Expressões da questão social, mundo do trabalho ou sucateamento da educação são termos incompreensíveis para um leigo. Segundo a professora, para dar visibilidade e legitimar a profissão na sociedade, a categoria precisa descomplicar sua linguagem ao se comunicar com quem não é da área. “Se até hoje não conseguimos destaque na grande mídia, como acontece com psicólogos ou sociólogos, é porque falamos de forma muito complicada. Uma coisa é ter linguagem técnica e outra é conversar com as pessoas”, destaca.
 
Por dentro do tema

Como garantidor de direitos, o assistente social deve saber que, hoje, o direito à comunicação de qualidade é um dos mais violados. Com os meios de comunicação sendo dominados por cerca de oito famílias, com representação também na política, é difícil ver na TV ou ouvir no rádio, algo que saia do padrão e contrarie os interesse desses grupos. 

Apesar de existirem, hoje, meios alternativos para se expressar, como a própria internet, Cláudio explica que a TV ainda tem grande relevância na difusão de informações e sua influência não deve ser subestimada. “Segundo o IBGE, a televisão é o segundo aparelho eletrodoméstico mais presente na casa dos brasileiros, mais até do que geladeiras. Só perde para o fogão”, aponta.

A Constituição prevê que a programação de rádios e TVs deem preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas, além da promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente. Mas basta zapear a TV para saber que não é isso que ocorre. “A cada 15 anos, quando vencem as concessões das emissoras e rádios, estas deveriam prestar contas ao governo sobre o cumprimento dessas normas, para a possibilidade de renovação de contrato, mas não há rigor nessa fiscalização”, explica o professor.

O povo fala: entenda porque é preciso um marco regulatório para a comunicação (foto).
 
Mesmo sendo identificado descumprimento da lei, a TV só pode perder a concessão se 2/5 do Congresso Nacional votarem para cancelá-la. Para Cláudio, “isso é quase impossível, levando em conta que 2/3 dos parlamentares está ligado a alguma emissora”. 
 
O professor diz, ainda, que a TV aberta gratuita não é o problema, mas a solução. “Não é preciso acabar com a TV aberta, apenas modificá-la de forma que o brasileiro se identifique com aquilo que vê na tela. Devem ser ser criados canais de acesso público, como as TVs universitária, legislativa, comunitária e educativas locais”, enfatiza. 
 
Foto do evento: Leonardo Koury

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