Mais uma vitória para a Comunidade Dandara. Em mais uma tentativa de desalojar os mais de cinco mil moradores do local, a Construtora Modelo entrou com um recurso contra a liminar que revoga a reintegração de posse aos especuladores. O recurso foi julgado, hoje, 19 de fevereiro, no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), em BH, e foi negado por unanimidade.
A notícia foi dada em primeira mão às dezenas de moradores e simpatizantes que aguardavam na porta do TJMG, após uma caminhada de 25 km entre a Comunidade e o centro da capital. Houve muita comoção entre os “dandarenses”, que há meses viviam a angústia de poderem ser despejados a qualquer momento.
Segundo Joviano Mayer, advogado da causa e membro das Brigadas Populares, a vitória de hoje deve ser comemorada, mas é preciso lembrar que a luta não acabou. “Ainda não ganhamos definitivamente a posse da terra, por isso precisamos nos manter unidos e organizados para enfrentar as batalhas que virão pela frente.”
Futuro bom
Desempregada, Edma Rocha, conseguiu, há um ano, um lote na Comunidade, e pretende se mudar ainda nesta semana. “Fiquei muito contente com a notícia! A comunidade é muito organizada e tem grande potencial de crescimento. Sei que uma ordem de despejo, hoje, deixaria muita, mas muita gente na rua.”
A expectativa é de que a Justiça reconheça o esforço legítimo que tem sido feito, ao longo desses quatro anos, pela regularização fundiária e pela garantia do Direito Humano à Cidade. A estrutura da Comunidade já está consolidada, e um despejo, nesse momento, seria um desastre social.
Atualmente o terreno conta com um projeto urbanístico internacionalmente premiado que inclui igreja ecumênica, praças e uma creche em fase de construção. A Dandara também é modelo de abastecimento alimentar, que é feito por meio de duas grandes hortas comunitárias e centenas de hortas familiares.
Esse é um dos fatores que incentivaram a mudança de Edma para o local. “Minha irmã vive lá e diz que quase não vai ao sacolão. Muitos moradores tiram seu sustento dessas plantações.” A futura “dandarense” conta que o convívio no local é pacífico e que há coordenadores para cada área, o que facilita a administração. “Todos procuram se ajudar. Minha irmã, por exemplo, dá aulas de inglês em um dos centros comunitários de lá. A Comunidade está crescendo, se desenvolvendo, e eu tenho orgulho de, agora, também fazer parte disso!”