Adiado julgamento do mandante do Massacre de Felisburgo
Publicado em 21/01/2013
Um novo capítulo estava sendo esperado para a história do Massacre de Felisburgo, ocorrido em 2004, no Vale do Jequitinhonha, em que foram assassinados 5 trabalhadores sem-terra. O julgamento do principal suspeito de comandar a chacina, o fazendeiro Adriano Chafik Luedy, aconteceria nessa quinta-feira, 17 de janeiro, em Belo Horizonte.
Entretanto, o julgamento foi cancelado, pois o juiz da comarca de Jequitinhonha enviou o processo para Belo Horizonte antes que a defesa dos réus indicasse testemunhas a serem ouvidas na ocasião, o que deve ser feito agora. A nova data ainda não foi definida.
O suspeito já confessou participação no crime em depoimento, mas ganhou o direito de responder ao processo em liberdade, por decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ). O fazendeiro alega que agiu em legítima defesa, já que os moradores da Terra Prometida o teriam atacado na ocasião. Dos outros 12 réus, apenas três casos estão prontos para ir a júri.
Enquanto a situação não se resolve, organizações sociais como o Comitê de Justiça para Felisburgo e o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) se empenham para manter o caso em destaque na mídia, chamando assim, a atenção da sociedade para as barbáries cometidas contra os sem terra.
O CRESS-MG, ciente de que fatos como este, que evidenciam como o interesse da elite, nesse caso composta por latifundiários e grandes empresários do agronegócio, se sobrepõe à garantia dos direitos de trabalhadores rurais, são pouco divulgados na grande mídia, publica esta nota em apoio àqueles que esperam ansiosos pela resolução não só deste, mas de vários outros casos de violação de direito à terra, garantido pela Constituição Federal.
Relembre o caso
O Acampamento Terra Prometida, localizado na cidade de Felisburgo, no Vale do Jequitinhonha, surgiu em 2002, como fruto da má distribuição de terras no país. No local, viviam cerca de 200 famílias, que buscavam num pedaço de terra, poder plantar e colher sua dignidade.
Há oito anos, essas pessoas foram surpreendidas por 18 pistoleiros que invadiram o terreno, liderados pelo latifundiário Adriano Chafick Luedy, disparando rajadas de bala e ateando fogo nas barracas, lavouras e pequenas construções.
O episódio que ficou conhecido como Massacre de Felisburgo, deixou cinco mortos, vinte feridos, e um lastro de destruição e desolação no local.
No dia em que o Massacre completou 8 anos, o CRESS-MG divulgou uma entrevista realizada com a integrante do Comitê Justiça para Felisburgo e assistente social, Maria José Brant, sobre a importância de não deixar esse acontecimento ser esquecido. Para conferir a entrevista,
clique aqui.
Confira também,
clicando aqui, o vídeo produzido e divulgado pela Fundação de Ajuda Solidária Filhas de Jesus (Fasfi) que retrata o poema do trovador Pedro Munhoz em memória aos trabalhadores sem-terra que foram mortos em 2004.