Movimentos sociais emocionam participantes no Seminário Nacional de Direitos Humanos

Publicado em 10/09/2012


Anderson, do Movimento da População de Rua, e Cacique Babau, deram seus depoimentos sobre as violações de seus segmentos (fotos: Rafael Werkema)

Nosso movimento está em luto! Foi com essa afirmação que teve início a mesa-redonda "Resistência coletiva às violações de direito como expressões da violência", com as palavras do representante do Movimento Nacional da População de Rua, Anderson Miranda.

Segundo ele,  em 2012, até agora, foram exterminadas 510 moradores/as de rua no Brasil, dentre crianças, mulheres e idosos em sua maioria. "Ressalto que nosso pais ainda não efetivou os direitos humanos para todos/as. Nós, em situação de rua, não somos mendigos, pois mendigo é político que vai para o exterior pedir dinheiro pras multinacionais", manifestou Anderson Miranda. Ele destacou também o papel do/a assistente social. "Para nós, essa categoria é essencial na luta por nossos direitos, já que lidam com vidas", completou, ressaltando o apoio que o movimento tem recebido do CFESS, inclusive no Congresso Nacional do Movimento da População de Rua, realizado em novembro de 2011.

Também na mesa, o representante do movimento indígena (etnia Tupinambá), Cacique Babau, usou sua fala para fazer denúncias das graves violações aos direitos da população indígena no Brasil. "São invasões, massacres, assassinatos. O extermínio dos índios não é por causa de terras. É que o capitalismo não condiz com nossa sociedade coletiva, humana, solidaria e comunitária", explicou Babau, que encerrou a fala com um canto dos tupinambás. 

Em seguida, o depoimento foi da representante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Marina dos Santos, que relacionou a lógica capitalista à questão da propriedade privada, no contexto das violações sofridas pelos/as trabalhadores/as sem terra. "A prioridade dos bens naturais em nosso país tem sido voltada para o agronegócio, de modo que o Brasil chega a importar alimentos. A agricultura familiar, que mais fornece ao consumo interno, não recebe o apoio necessário e merecido do governo",  apontou.


Marina, do MST, e Verônica, do movimento feminista, também fizeram relatos e emocionaram os/as participantes

A representante do movimento feminista, assistente social e integrante do Instituto SOS Corpo, Verônica Ferreira , enfatizou a necessidade de os movimentos sociais  se unirem para a construção de uma resistência coletiva ao modelo capitalista, que tem produzido diversas violações, como já apresentado pelos movimentos que a antecederam. "A lógica de exploração do capital nos ameaça profundamente. Nos processos de desterritorialização, nós, mulheres,  estamos sujeitas à colonização de nossos corpos por meio de uma das maiores violações, que é a sexual. Somos a maioria no trabalho informal, a maioria sem acesso à terra e, consequentemente, a maioria em situação de pobreza e miséria. É preciso lutar contra isso", conclamou Verônica Ferreira. 

Campanha de Gestão CFESS-CRESS

Para completar o debate da mesa-redonda, a presidente do CFESS, Sâmya Ramos, fez o pré-lançamento da Campanha de Gestão 2011-2014, apresentando o banner "Sem movimento não há liberdade", que será uma das peças da campanha. Ao explicar a temática dessa estratégia (No mundo de desigualdade, toda violação de direitos é violência), Sâmya explicou que "essa campanha só tem sentido se agirmos com estes sujeitos aqui presentes e tantos outros movimentos sociais que lutam contra as mais variadas violações a que estamos sujeitos na sociabilidade de desigualdade, que produz exploração e opressões". 

Segundo ela, o objetivo é sensibilizar a categoria para o debate sobre as múltiplas violações de direitos que atingem a população em nosso pais. 'Tematizar esse assunto exige-nos um posicionamento ético-politico diante do projeto desumanizador do capital. Ao explicar o slogan da Campanha de Gestão, "Sem movimento não há liberdade , Sâmya concluiu sua fala, conclamando a categoria a "seguir em movimentos contra barbárie capitalista , em busca de liberdade. É o serviço social brasileiro na luta, enquanto houver exploração, opressão e violação de direitos", acrescentou. 


Presidente do CFESS, Sâmya Ramos, apresentou o banner da Campanha de Gestão 2011-2014

Após a fala da presidente do CFESS, os/as participantes do evento aplaudiram de pé a iniciativa da Campanha e os relatos dos movimentos sociais, fechando de forma emocionante a ultima mesa de debates. 

Debate não se encerra aqui

À mesa de encerramento, a conselheira do CRESS-TO Giselli Tamarozzi, ressaltou que o debate e a luta pela efetivação e ampliação dos direitos humanos sai fortalecida com o seminário, e tem muito ainda para avançar. "A universidade é um espaço propício ao desenvolvimento de nosso papel critico, de reflexão, e aqui estivemos reunidos para reforçar nosso compromisso de materialização dos direitos humanos, fortalecendo nossas alianças e estratégias de luta e de mobilização da categoria",  finalizou. 

Juntamente com ela, a conselheira do CFESS Alcinelia Moreira relembrou que, no seminário de Direitos Humanos, "pudemos ouvir a voz de companheiros/as que mostraram a violação de direitos em diferentes segmentos. Ouvimos ainda a voz do Conjunto CFESS-CRESS, que demonstrou mais uma vez o compromisso com a luta por uma sociedade justa e emancipada. Destaco o bravo compromisso do CRESS-TO, que tanto se empenhou em construir conosco esse momento tão marcante na historia de nossa profissão", disse a conselheira. 

Veja a arte da Campanha de Gestão do Conjunto CFESS-CRESS 2011-2014:

(Criação: Jbis)
 
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Fonte: site do CFESS

 

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