Minicurso aborda trabalho interdisciplinar no Serviço Social
Publicado em 25/08/2012
O Projeto Formação Continuada do CRESS-MG promoveu seu segundo módulo no último sábado, 18 de agosto, na Sede (BH). O tema “Serviço Social e trabalho interdisciplinar” foi ministrado por Fátima Ortiz, doutora em Serviço Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e professora e pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre os Fundamentos do Serviço Social na Contemporaneidade da mesa instituição.
No início do minicurso, Fátima frisou a importância da Lei que regulamenta a profissão, sancionada em 1993, uma vez que ela deixa bem claro as competências e as atribuições do assistente social. Isto é um grande avanço para a profissão, pois os códigos anteriores não as delimitavam tão claramente. “A lei anterior já não respondia mais às exigências postas pelos usuários e pelo perfil que queríamos construir.”
Ela explicou que o Serviço Social, como profissão liberal inserida na divisão social e técnica do trabalho, atualmente, assume uma postura ética e política que coaduna com os interesses das classes trabalhadoras, tendo em vista que o profissional atua nas expressões da questão social e pela defesa e materialização dos direitos sociais. Por isso, o profissional não pode assumir uma postura neutra ante às contradições da realidade social, como era no passado. “Esse caráter politizado do assistente social pressupõe entender o sujeito do serviço não como cliente, mas como usuário detentor de direitos sociais. Não é competência nossa ajudar o outro nem identificar os atributos psicológicos, mas sim conseguir que ele tenha acesso aos seus direitos.”
Ao longo do evento, Fátima trocou experiências com os participantes relativas à interdisciplinaridade no cotidiano profissional da categoria. Analisando as dificuldades e conquistas já efetivadas pelos assistentes sociais, a palestrante explicitou a importância das resoluções do CFESS como instrumentos legais que reconhecem as singularidades da profissão, além de garantir o direito ao exercício profissional. Neste sentido as resoluções que regem a profissão são fortes aliadas na garantia e no reconhecimento das especificidades e da identidade do exercício profissional.
O estágio supervisionado também foi abordado pela professora. Para ela, é fundamental que os alunos de Serviço Social sejam orientados em seus estágios por profissionais assistentes sociais. “A nossa formação tem particularidades que nenhuma outra profissão dá conta. Da mesma forma que eu não posso formar um residente de psiquiatra, um psiquiatra não pode formar um residente de Serviço Social.” Fátima afirmou que isso não se trata nem de corporativismo, nem de reserva de mercado, mas sim de ter claro o papel que cada profissão deve cumprir na sociedade.
Projeto Formação Continuada
O Projeto foi esboçado desde o início da Gestão Compromisso e Luta (2011/2014), a partir de demandas da categoria que eram observadas pela fiscalização do CRESS-MG. A concretização dessa iniciativa cumpre, também, com a Política Nacional de Educação e Capacitação Permanente do Conjunto CFESS/CRESS. Ainda assim, a formatação do Projeto em Minas Gerais tem suas particularidades, como explica o presidente do Conselho, Leonardo David. “Penso que foi acertivo realizar esses minicursos no formato em que estão hoje, pelo fato de acontecerem aos sábados, facilitando a participação da categoria.”
Com o sucesso das inscrições nessa primeira edição do projeto, Leonardo conta que o número de temáticas ofertadas nos minicursos deverá dobrar em 2013. “Não tenho dúvida de que queremos contribuir com a direção crítica da profissão, mas, além disso, sabemos que uma profissão forte também fortalece a classe trabalhadora.”