Vidas negras importam – Estudantes da Uemg promovem evento pelo fim do racismo

Publicado em 12/12/2019

Pelo terceiro ano consecutivo, estudantes do curso de Serviço Social da Uemg/Cláudio, em parceria com o curso de Pedagogia, realizaram o evento “Novembro Negro”, no dia 21 de novembro, com o tema “Vidas Negras Importam”. A proposta buscou fomentar e ampliar as discussões referentes à visão construída acerca da população negra.

Além da interlocução com a comunidade local, através de apresentação artística realizada por adolescentes do projeto filantrópico “Clube de Mães Saud Mitre”, houve a apresentação cultural do grupo Terno de Moçambique, destacando a cultura de seus ancestrais por meio de cantigas, danças e das palavras do capitão do terno Samuel. Na ocasião, o mestre de cerimônia e estudante do 6º período do curso de Serviço Social, Matheus Gonçalves, proferiu um chamamento à luta contra as diversas violências que a população negra, constitutiva da maioria da população brasileira, vivencia desde sempre.  

Já a palestrante Sheila Dias Almeida, assistente social, doutoranda pela mesma UFRJ e professora do curso Serviço Social da Universidade de Ouro Preto (Ufop) destacou que atividades como esta representam uma expressão de resistência frente aos desmontes das políticas públicas que enfatizam práticas preconceituosas. De forma crítica e contextualizada, a convidada abordou o processo de tornar-se negro a partir da valorização dos sujeitos acerca de sua etnia e fez considerações quanto à construção do racismo, que é sagaz e seleciona quem é quem através da naturalização da escravidão no transcorrer das décadas.

“O racismo, se entendido num aspecto meramente individual, jamais será superado, pois, os comportamentos e conceitos que o constituem são influenciados por uma dimensão social e em determinadas situações”, pontuou a professora que fez, ainda, um resgate da historicidade por meio da escala etnográfica, a teoria do branqueamento, a democracia racial, citações sobre os negros exemplificadas por Gobineau, que utiliza a expressão “degeneração mais deprimente”, e Agassis que destaca “não poder haver maior deterioração”. 

Além da visão e justificativa da Igreja sobre o processo de escravidão, a palestrante discorreu quanto às políticas genocidas junto ao povo negro e à diferenciação entre o chamado preconceito de origem, vivenciado nos EUA e partes da África. “Nestes locais, as pessoas conhecem sua descendência e por ela se definem, e o preconceito de marca, vivenciado no Brasil, cuja miscigenação dos povos leva à perda da subjetividade dos sujeitos negros, propiciando um sentimento de não pertencimento”, avalia.

Segundo Sheila, está na raiz deste sentimento a não existência de um projeto de nação no Brasil, pois se costumes, culturas e tradições são apagadas/discriminadas, passa a existir somente a concepção de “um povo”. Ela enfatizou, ainda, a forma pela qual a história do povo negro se apresenta, traduzida em livros, figuras, pinturas, etc, e simultaneamente levanta questionamentos sobre a leitura realizada acerca desta história contada.

Para fechar a atividade, foi feita uma convocação ético e política junto ao público que se encontrava no local e se autodeclarou branco, para que a exemplo do que nos aponta Ângela Davis, não sejam apenas não racistas, mas sim, antirracistas e que se engajem na luta pelo fim do racismo. O evento foi uma proposta de ação permanente e de grande importância para o espaço acadêmico, visto que este mesmo espaço, que historicamente, em muitos momentos não pôde ser ocupado por pessoas negras, atualmente tem o povo negro como protagonista.  

Texto produzido pelo coordenador do curso de Serviço Social da Uemg/Cláudio, Maicom Marques, e pelas estudantes do mesmo curso, Geliany Costa e Gilslâne Oliveira.

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