Serviço Social, Relações Fronteiriças e Fluxos Migratórios
Publicado em 26/07/2016
As fronteiras (in)visíveis do capital: desafios para o Serviço Social: este foi o tema do Seminário Nacional Serviço Social, Relações Fronteiriças e Fluxos Migratórios Internacionais, realizado pelo CFESS e pelo CRESS-PA, em Belém, entre os dias 6 e 8 de julho. A programação trouxe debates importantes para o fortalecimento da perspectiva dos direitos humanos das populações de migrantes, refugiados e fronteiriços, e destacar as experiências profissionais dos assistentes sociais neste campo de atuação, no Brasil e em outros países.
Na tarde da abertura, o debate abordou a questão de “Fronteiras e Migrações internacionais: velhas e novas contradições capital/trabalho”, com a presença do professor Wilson Honório da Silva e do cacique Mapu Huni Kui, líder de comunidade indígena no Acre. No dia seguinte, 7, a programação começou com o tema “Direitos Humanos e Direito Internacional: conquistas históricas e desafios para o Serviço Social”, com a assistente social e professora da UFPA Adriana Mathis, a paraguaia Corina Leguizamón, diretora do Departamento de Comunicação e Cultura do Instituto de Políticas Públicas em Direitos Humanos do Mercosul, e Fedo Bacourt, coordenador da União Social de Imigrantes Haitianos. Na sequência, a mesa “Experiências profissionais – proteções sociais: imigrantes, fronteiriços e refugiados”, contou com a presença das assistentes sociais Maria Geusina da Silva, professora da Universidade Federal da Integração Latino-Americana; Aline Maria Thuller de Aguiar, da Cáritas do Rio de Janeiro; Angélica Socorro Monteiro de Lima Gonçalves, da Ong Só Direitos, do Pará; e Jehanete Gomes da Silva, da Secretaria Justiça e Direitos Humanos do Pará.
Cacique Mapu Huni Kui
No último dia, os participantes assistiram ao debate sobre “Exercício profissional e fluxos migratórios: diálogos internacionais”, que trouxe as experiências internacionais de Angola e Paraguai. O tema foi apresentado por Simão Samba, representante da Associação de Assistentes Sociais de Angola, Stella Mary Garcia Aguero, professora de Serviço Social na Universidade Nacional de Assunção (Paraguai), e Esther Lemos, vice-presidente do CFESS e professora da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste/Toledo).
A diretora Rosilene Aparecida Tavares representou o CRESS-MG durante o Seminário e destaca que o evento foi um espaço marcante de troca de experiências, relatos de realidade de países que tiveram ali seus representantes. “Além das reflexões que as expositoras trouxeram a partir das suas experiências, ocorreu a ampliação do debate sobre o cotidiano do exercício profissional de assistentes sociais na luta e defesa dos direitos humanos, à luz do projeto ético-político profissional, no âmbito da proteção social para a população migrante, imigrante e refugiada que mora em regiões de fronteira. Isso destaca a necessidade de a categoria estar atenta a especificidade da demanda dessa população e para qualificar a atuação profissional é imprescindível buscar apreender, apropriar e aprofundar o conhecimento sobre essa temática e direitos humanos para analisar as expressões da questão social e as suas refrações presentes no cotidiano profissional independente de qual região atua”, explica Rosilene.
Discussões importantes
De acordo com o professor Wilson Honório da Silva, um dos destaques do evento foi a preocupação em romper também a fronteira da atividade específica do CFESS e dos CRESS e do que se espera da lógica do Serviço Social, para ter uma atuação que também questione o capitalismo, o sistema e tudo aquilo que faz com que as fronteiras nos separem e faz com que a vida de milhões de pessoas seja hoje uma tragédia. “Como professor, mas principalmente como militante, ter participado do Seminário foi uma experiência única. Como disse no fim do encontro, foi um aprendizado gigantesco, e o que discutimos de uma perspectiva internacional, a participação das/dos assistentes sociais de um ponto de vista não só acadêmico, mas também pela perspectiva política, bastante concreta, de ação social, de intervir de fato na realidade. Nós todos – todos os movimentos sociais – temos o compromisso de romper as fronteiras, tanto as mentais, quanto as físicas e regionais que estão a serviço da opressão e da exploração dos povos, sejam os latinos, africanos, haitianos”, destaca o professor.
Wilson Honório da Silva
Já o cacique Mapu Huni Kui, que participou como representante de seu povo do Acre, a oportunidade de conhecer as realidades de diversas regiões e até mesmo de outros países foi gratificante. “Foi um evento muito rico, colocou em debate assuntos importantes, o que acontece em cada estado e o que devemos melhorar. Encontrei pessoas maravilhosas, para que possamos fazer uma parceria e fortalecer o desenvolvimento, trazer a melhoria realmente. Espero que esse trabalho tenha continuidade”, afirma o cacique.
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