Eleito o Samba Enredo para o Dia da Luta Antimanicomial

Publicado em 17/04/2013

Com animação e alegria, os usuários, familiares, trabalhadores da rede de saúde mental de Belo Horizonte e demais convidados marcaram presença no Parque Lagoa do Nado, no dia 13 de abril, para o Concurso de Samba Enredo da escola de samba “Liberdade Ainda que Tam Tam”. O concurso faz parte das atividades preparatórias para o Dia da Luta Antimanicomial na capital.
 
Além de eleger o samba enredo que irá animar a manifestação político-cultural, durante o concurso também foram eleitos o casal de mestre sala e porta bandeira e a rainha e princesa da bateria. A escola “Liberdade Ainda que Tam Tam” é uma estratégia do movimento da luta antimanicomial de Minas Gerais, que há 16 anos sai pelas ruas de Belo Horizonte, provocando o pensamento em relação à loucura.
 
Para Marta Soares, gerente do Centro de Convivência São Paulo e integrante do Fórum Mineiro da Saúde Mental, o concurso tem contribuído para o envolvimento dos usuários e serviços da rede com a luta antimanicomial. Soares destaca que a atividade abre o diálogo com outros grupos, para além da rede, fazendo com que o debate sobre a Reforma Psiquiátrica circule em espaços diversos. “O grupo de jurados é formado por artistas e produtores culturais de Belo Horizonte, pessoas da cidade que vem, se encantam e participam no dia do desfile”, explica.
 
O cantor e compositor Sérgio Pererê, que participou da comissão de jurados, acredita que o concurso é uma atividade forte e poderosa, pois possibilita que os usuários, através da composição dos sambas, falem de sua loucura. “Não é simples um usuário falar da loucura. É uma coisa difícil e é um passo para ele que, ao conseguir perceber sua condição, consegue ficar mais forte e ser opinante”.
 
Pererê ressalta também a relação entre a loucura e a arte, afirmando que “a linha que separa as duas coisas é muito tênue”. O músico acredita que a arte tem um papel importante no processo de quebra dos preconceitos.
 
Concurso
 
O samba enredo vencedor do concurso, que vai embalar o ato no Dia da Luta Antimanicomial será “Psiu, estou ouvindo vozes”, uma composição coletiva do Centro de Convivência São Paulo.
 
Zilda da Costa, usuária do Centro, conta que a composição foi criada durante as oficinas de artes plásticas, artesanato e música do Centro. “Tem um pedacinho de todo mundo neste samba”. Sílvio Aparecido, que também é usuário do Centro de Convivência São Paulo, explica que a expressão “estou ouvindo vozes” foi uma escolha de todos que participaram da composição. “Que quer dizer que, quando você está com o ouvido aberto, você está atento para qualquer barulho”.
 
Conheça as letras das músicas que participaram do Concurso de Samba Enredo!
 
Confira as fotos do evento!
 
Dia Nacional da Luta Antimanicomial
 
No ano de 1987, durante o Encontro dos Trabalhadores da Saúde Mental, na cidade de Bauru-SP, o Movimento da Luta Antimanicomial escolheu no calendário nacional uma data para reafirmar a luta “por uma sociedade sem manicômios”. Ficou estabelecido o Dezoito de Maio como o Dia Nacional da Luta Antimanicomial.
 
Desde então, Belo Horizonte cumpre esta agenda, pautando a implantação da ousada política de saúde mental em rede, o que produziu as primeiras mudanças e evidenciou a viabilidade da proposta. Em  1997, aconteceu pela primeira vez na cidade a manifestação político-cultural no formato de carnaval e assim vem acontecendo até os dias de hoje.
 
De forma lúdica, sensível e crítica, a  escola de samba “Liberdade Ainda que Tam Tam”,  mobiliza  a cidade, provocando reflexões sobre o lugar social da loucura em seu encontro com a arte e o pensamento. Este ano, a manifestação da luta antimanicomial, em Belo Horizonte, acontecerá no dia 16 de maio.
 
Fonte: CRP-MG

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