Ato reivindica direitos para a população de rua em BH
Publicado em 28/08/2012
No dia 16 de agosto, diversas entidades se reuniram para realizar uma manifestação em defesa dos direitos da população de rua de Belo Horizonte. O Ato Pela Vida, como foi chamado, aconteceu às 10h, na sede do Centro Nacional de Defesa de Direitos Humanos da População em Situação de Rua e Catadores de Materiais Recicláveis (CNDDH/PSR/CMR), localizado na Rua Paracatu, 969 – Barro Preto (BH).
Uma das motivações para a realização do evento foi o fato de Belo Horizonte ter alcançado, em 2012, um número alto de moradores de rua assassinados de forma violenta. Foram cerca de 80 pessoas mortas no último ano e, para homenageá-las, foram afixadas fitas negras no portão do Centro. Mais tarde, as fitas foram retiradas e amarradas nos pulsos dos presentes para simbolizar que a vida dessas pessoas não foi perdida em vão.
Durante todo o encontro, o cantor e educador, Dimir Viana, animou os participantes com canções de valorização das pessoas em situação de rua que, mesmo sem moradia, merecem respeito e dignidade. A coordenadora do CNDDH, Karina Alves, explicou que a principal função da instituição é a de registrar e acompanhar as violações dos direitos desses grupos sociais marginalizados. “Buscamos articular com entidades públicas e movimentos sociais para garantir os direitos dos catadores e das pessoas que hoje residem nas ruas e temos tido bons resultados.” O Centro, que foi inaugurado em maio de 2011, já conta com seccionais nas cidades de Fortaleza, Salvador, Paraná, São Paulo, Distrito Federal e Rio de Janeiro. O objetivo é que cada estado brasileiro conte com um Centro que fiscalize as violações dos direitos desses grupos sociais, para, posteriormente, pensar em estratégias para combatê-las, de acordo com o perfil de cada local.
Representação
Com uma longa trajetória de rua, Samuel Rodrigues, coordenador do Movimento Nacional do Povo de Rua (MNPR), já passou por vários estados e diz que se fixou em BH, há oito anos, por ter encontrado aqui pessoas que estavam dispostas a lutar pela causa. “Quando cheguei nesta cidade, conheci muita gente que acreditava na possibilidade de reconquistar os direitos que um dia foram negados ao povo da rua e foi isso que me fez ficar aqui.” Samuel diz se orgulhar de sua história e sabe que se não tivesse passado pelo que passou, não poderia estar hoje lutando pelos direitos de quem ainda vive nas ruas. “É com muito orgulho que eu apoio essa causa. Eu não estou aqui para apanhar de polícia e nem para ser varrido por jato d’água. Eu estou aqui pela minha vida, pela minha dignidade e pelo meu direito como cidadão.”
O Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCMR) foi representado por Fernando Godoy, que também já foi morador de rua e, em sua fala, ressaltou que todos que vivem na rua são um pouco catadores também. Segundo ele, a capital mineira já avançou muito nas políticas públicas para esses dois grupos sociais. “Falta muito para conquistarmos tudo que queremos, mas BH já evolui bastante. Hoje somos referência no Brasil e a tendência é só melhorar.”